sexta-feira, 8 de junho de 2007

Grandes frigoríficos aderem ao Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo

Neste recém encerrado mês de maio, três grandes frigoríficos brasileiros (Bertin, Friboi e Redenção) decidiram aderir ao Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. Segundo nota do site da ONG "Repórter Brasil", o acordo reúne empresas - como Wal-Mart, Petrobras, Amaggi e Carrefour - que se comprometem a erradicar o trabalho escravo em suas cadeias produtivas. Na prática, elas devem cortar relações comerciais com os empregadores da "lista suja" e com os fornecedores que comprem delas.

Essa articulação empresarial surgiu em maio de 2005, depois que um grupo de grandes companhias foi alertado pelo Instituto Ethos, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela "Repórter Brasil" de que estavam comprando produtos advindos de propriedades rurais com trabalho escravo.

Esse mapeamento, baseado nas fazendas da "lista suja", foi feito pela "Repórter Brasil" em 2004. Todas as empresas detectadas como compradoras desses produtos foram convidadas por essas três instituições a conhecer o estudo e a se engajar na causa por meio da assinatura do Pacto.

A iniciativa dos frigoríficos é louvável, ainda que tardia. O setor do agronegócio precisa entender que não basta apenas argumentar que muitos dos casos citados como trabalho escravo não eram, sendo na verdade situações que iam de encontro à legislação trabalhista.

A questão é que o trabalho escravo precisa ser erradicado em sua totalidade e que esta responsabilidade não deve ficar restrita somente à fiscalização do governo federal. Os agentes do agronegócio precisam coibir a prática e acima de tudo investir em conscientização.

Precisam investir em campanhas que mostrem, por exemplo, que a prática do chamado "gato", indivíduo que intermedeia a contratação de mão-de-obra para lavouras sem vínculo empregatício, e, em muitos casos, sob a regência de contratos em que o trabalhador paga por equipamentos, vestuário, alimentação, alojamento, tem que acabar.

Além disso, o segmento tem que compreender também que o bem-estar de funcionários/colaboradores não é mais uma benesse e sim uma obrigação. São condutas deste porte que constroem a identidade institucional de uma atividade.

De nada adianta investir em marketing da carne, em selos de certificação, ou seja, em marcas, se a reputação é ruim. É pular etapas. A boa imagem se sustenta em verdades organizacionais, não em maquiagem.

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