quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Introduzir responsabilidade social na estratégia de negócios torna a empresa mais competitiva

As empresas que tiverem relacionamentos mais abertos com os diferentes públicos com os quais interagem (ou stakeholders, como são conhecidos em inglês) e colocarem a responsabilidade social no centro de sua estratégia de negócios serão mais competitivas; atrairão e reterão os melhores talentos; e ganharão acesso a novas oportunidades de mercado, segundo estudo global conduzido pela IBM.

Muitas companhias vêem agora a responsabilidade social corporativa como uma oportunidade de crescimento: 68% das entrevistadas focam na geração de renda por meio de iniciativas de responsabilidade social corporativa. Além disso, 65% reconhecem que as iniciativas de responsabilidade social podem ter um impacto financeiro positivo em seus resultados e 54% acreditam que elas oferecem uma vantagem competitiva.

O fator que impulsiona estas atitudes é a influência cada vez maior de clientes que, em virtude de sua capacidade de pesquisar e compartilhar informações na Internet, ficam muito sensibilizados com diversas questões: da mudança climática, segurança de produtos, práticas de trabalho e responsabilidade financeira corporativa, até se as corporações estão devolvendo à comunidade uma porção suficiente de seu lucro.

Embora os clientes estejam se tornando o principal motor das iniciativas de RSE, 76% das empresas entrevistadas admitem que não conhecem as preocupações de seus clientes com responsabilidade social. De fato, até empresas que se consideram bem informadas e preparadas podem estar enganadas. Cerca de dois terços das empresas entrevistadas acreditam que têm informação suficiente sobre as origens de seus produtos e serviços para satisfazer as preocupações dos clientes. No entanto, metade delas admite que não entende as expectativas de seus clientes quanto ao tema.

Além de clientes, os stakeholders incluem acionistas, parceiros de negócio, a comunidade, organizações governamentais e não-governamentais. Aproximadamente, 75% das empresas informaram que a quantidade de grupos de defensoria que reúnem e apresentam informação sobre elas tem aumentado nos últimos três anos, assim como a quantidade de informação que as empresas estão fornecendo sobre a origem, a composição e o impacto de seus produtos, serviços e operações.

"Quanto mais informações recebem os stakeholders, mais eles querem saber e compartilhar. Este conhecimento crescente está impulsionando suas decisões sobre o que comprar, para quem trabalhar, com quem formar uma parceria, onde investir e como se deve regulamentar a indústria", comenta George Pohle, VP e Líder Global da prática de Consultoria de Estratégia de Negócios da IBM. "Estabelecer a responsabilidade social no centro das estratégias de negócio das empresas não é apenas crítico para se manter à altura dos stakeholders, mas também representa um caminho vital para o crescimento sustentável.

As empresas podem obter grande valor com a troca de informações com seus stakeholders, o que tende a melhorar sua eficiência operacional - novos métodos para reduzir ou reutilizar resíduos e idéias para refinar produtos e serviços existentes, por exemplo. Porém, isto requer a implementação de uma estratégia baseada na transparência das informações".

Estas conclusões são parte de um novo relatório divulgado pelo IBM Institute for Business Value, chamado: "Alcançando Crescimento Sustentável Através da Responsabilidade Social Corporativa" ("Attaining Sustainable Growth Through Corporate Social Responsibility"). O estudo completo, disponível em www.ibm.com/gbs/csrstudy, avalia o quanto as empresas entendem e como lidam com as expectativas relacionadas a responsabilidade social corporativa, assim como projeta passos ao longo da "curva de valor" que as companhias podem seguir para alinharem estrategicamente seus objetivos de RSE com suas estratégias de negócio.

Segundo o relatório, o benefício máximo das oportunidades com responsabilidade social se obtém quando todas as atividades na curva de valor - legal, filantropia estratégica, auto-regulamentação baseada em valores, eficiência e crescimento - são integradas em uma estratégia única, com a liderança e a inovação impulsionadas tanto pelos funcionários, clientes e parceiros de negócios como pelo CEO.

Metodologia do estudo IBM

A IBM entrevistou altos executivos e diretores de estratégia em 250 companhias dos setores bancário, petroquímico, de bens de consumo, eletrônico, de energia e utilities, varejista e automotivo. Dos participantes, 30% estão localizados na América do Norte, 30% na Ásia Pacífico, 20% na Europa Ocidental, 7% na Europa Oriental, 6% na América Latina e 4% no Oriente Médio e África. tame

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Só o conhecimento desmistificará o conceito que a Amazônia é intocável

No tocante à polêmica do embargo da UE à carne bovina brasileira, destacamos que rastreabilidade nada mais é do que responsabilidade, com processos e produtos, em favor das pessoas. Se isso já tivesse sido entendido, a polêmica talvez nem existiria.

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esmatamento na Amazônia e embargo da União Européia à carne bovina brasileira. Estes fatos são as duas principais polêmicas do agronegócio brasileiro neste começo de ano. No ponto de vista deste blog, no caso da Amazônia, é ineficaz o agronegócio se amparar na discussão se é juridicamente legal ou ilegal desmatar ou ter destamatado, sob o guarda-chuva de governos anteriores, na região. Seja no bioma, seja na porção de terras chamada Amazônia Legal.

Isso porque é uma daquelas discussões que podemos chamar de ingratas. Pode ser legal juridicamente desmatar tantos por cento na Amazônia, mas será que para a sociedade é uma ação moral?

O fato é que frente à "Opinião Pública" formada no meio urbano, que, novamente o AgroResponsável reitera, querendo ou não, é o extrato da população ouvido pela mídia, ou seja, a parcela de pessoas que norteia escolhas e decide, o agronegócio não pode usar a Amazônia, mesmo que em projetos de caráter sustentável. Ao menos, não nesse momento. Hoje, mexer na floresta é algo visto como errado, que vai de encontro ao que é legal e acima de tudo ao que é ético e moral.

O agronegócio precisa entender isso. Como, por exemplo, "combater" equívocos de uma mensagem-chave do maior banco do País, disseminada a torto e a direta nos maiores meios de comunicação, que afirma que o equilíbrio do clima no mundo depende da Amazônia. Um desafio e tanto, não é mesmo? Um desafio que somente será vencido com ação e informação. Ação que impeça o desmatamento na Amazônia concomitantemente a campanhas de informação que mostrem que é viável e necessário fazer da floresta um espaço de produção sustentável. Até para as pessoas que lá vivem.

É preciso desmistificar o conceito que a floresta é intocável. Porém, neste momento, ela tem que ser compreendida pelo agronegócio como intocável sim. Esse quadro só poderá ser mudado depois que a mensagem-chave, que é possíver desenvolver projetos sustentáveis na Amazônia, for maciçamente disseminada e percebida pela "Opinião Pública". Se estas duas ações não ocorrerem simultaneamente, o agronegócio continuará sendo visto como o vilão da história.

No caso do embargo da UE à carne bovina brasileira, salvo as questões protecionistas e técnicas, relativas ao melhor método de rastreabilidade, a questão aqui também é responsabilidade. Por que rastreabilidade nada mais é do que responsabilidade, com processos e produtos, em favor das pessoas, sejam consumidores, funcionários das fazendas ou dos frigoríficos, comunidades ao entorno destes estabelecimentos.

Em relação a todos estes itens, o agronegócio da pecuária patina significativamente, haja vista que nem em temos econômicos, um dos vértices da sustentabilidade, o segmento ainda se encontrou. Que o digam as negociações entre pecuaristas e frigoríficos. Se internamente não nos entendemos, quiçá junto a autoridades e consumidores internacionais.