quinta-feira, 14 de junho de 2007

Desafio do agronegócio é disseminar a sustentabilidade em toda cadeia produtiva

A responsabilidade socioambiental como processo para busca da sustentabilidade no agronegócio foi tema de painel exclusivo no primeiro dia - terça, 12 de junho - da Conferência Internacional Empresas e Responsabilidade Social 2007, promovida pelo Instituto Ethos, em São Paulo (SP).

Com moderação do professor Décio Zylbersztajn, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP), a mesa-redonda “Compromissos socioambientais na agricultura” contou ainda com Cláudio Valladares Pádua, da Iniciativa Brasileira de Verificação da Atividade Agropecuária, Jason Clay, vice-presidente da World Wildlife Fund (WWF), Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), e John Elkington, da SustainAbility.

Segundo Jason Clay, as pressões sobre as grandes empresas produtoras de alimentos podem ser sentidas em diversos casos, mas em geral elas não atingem toda a cadeia produtiva e, objetivamente, produzem baixos resultados.

O caso da Coca-Cola, que reduziu o consumo de água em sua linha de produção (de quase 4 litros para 2,7 litros de água por litro de refrigerante), pode ser considerado uma grande iniciativa. Mas o uso de quase 300 litros de água para a produção do açúcar necessário para se obter o mesmo litro do produto não sofreu alteração.

Para otimizar os resultados da luta pela sustentabilidade, de acordo com o vice-presidente da WWF, é preciso adotar uma estratégia seletiva, focalizando as empresas em toda a sua cadeia produtiva e principalmente aquelas que mais provocam impacto sobre os recursos naturais. As questões-chave, segundo Jason, se situam “na redução do consumo, na criação de fontes renováveis e na garantia da biodiversidade”.

Para Cláudio Valladares Pádua, da Iniciativa Brasileira de Verificação da Atividade Agropecuária, esse esforço de acompanhamento de todos os elos da cadeia produtiva deve passar por um consenso que envolva todas as partes interessadas a fim de se chegar a um acordo sobre a utilização dos recursos naturais.

O Brasil, segundo ele, é uma grande potência no mercado de commodities agrícolas e precisa chegar a padrões mínimos, tendo em vista a redução da perda de habitat e de água e a conservação da biodiversidade.

Na área da produção de soja, a experiência de verificação da cadeia produtiva foi relatada pelo secretário-geral da Abiove, Fábio Trigueirinho. Segundo ele, o setor constituiu recentemente uma mesa-redonda composta por três câmaras integradas por representantes dos produtores, da indústria, do comércio, de instituições financeiras e da sociedade civil. Esse organismo se encontra atualmente em fase de formulação de princípios e critérios, que deve levar ainda cerca de 18 meses para ser concluída.

Entre as iniciativas já acordadas estão a moratória da produção de soja na região amazônica, com o compromisso dos traders de suspender a compra de grãos originários dessa região, e a criação do Instituto para o Agronegócio Responsável (ARES) - vide post neste blog aqui. Além disso, segundo ele, discutem-se meios de agregar valor ao produto, como forma de melhorar a sustentabilidade.

Em sua exposição, John Elkington, da SustainAbility, se mostrou bastante pessimista em relação à capacidade global de alimentar mais de 9 bilhões de pessoas, ainda neste século. “Eu não sou religioso, mas acho que vamos precisar de um milagre para atingir esse objetivo”, brincou.

Apesar disso, Elkington deu exemplos de empresas globais que desenvolveram projetos inovadores para aumentar a produtividade agrícola envolvendo algumas das populações mais pobres do planeta. Será preciso, em sua opinião, contar com essa capacidade de criar soluções inesperadas em áreas como a de alimentos geneticamente modificados, ou dos chamados alimentos funcionais. Com informações do "Instituto Ethos".

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