quinta-feira, 12 de junho de 2008

Agronegócio lança manifesto pela sustentabilidade na Conferência Ethos

Representantes do setor produtivo do agronegócio brasileiro lançaram na Conferência Internacional Ethos 2008, realizada em maio, manifesto em favor do Desenvolvimento Sustentável.

Com a iniciativa, as cadeias produtivas do agronegócio representadas pelas entidades que integram o ARES (Instituto para o Agronegócio Responsável) assumiram publicamente o compromisso em estabelecer o diálogo com a sociedade civil, para em conjunto desvendar os caminhos da sustentabilidade com base na realidade e no conhecimento.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

A imagem do setor rural é a soma de todas as suas imagens

Os relatos de desmatamento na Amazônia colocam o agronegócio como um dos vilões pela derrubada floresta. Isso pelos casos de pecuária bovina e lavouras, especialmente de soja, que avançam na região. O setor rural organizado afirma peremptoriamente que é totalmente contra quem desmata e que as pessoas que fazem isso não pertencem aos seus quadros.

Porém, as lideranças do setor precisam ter consciência que querendo ou não, para a Opinião Pública, quem derruba uma árvore na Amazônia, para plantar soja ou criar gado, será taxado de produtor rural.

Neste caso, na percepção de públicos estratégicos, principalmente os de pressão, de fora do setor, aquele produtor que é associado à alguma entidade rural, respeita legislação ambiental, regras trabalhistas, faz trabalhos de responsabilidade social, pertence ao mesmo grupo daquele que desmata ilegalmente ou usa trabalho escravo. É o velho ditado que uma laranja podre estraga toda a caixa.

O setor rural precisa entender que a imagem do setor é a soma de todas as suas imagens. Logo, suas entidades têm que atuar em três frentes: A primeira é dialogar com seus pares a fim de estabelecer alguma estratégia de comunicação que chegue aos agentes do desmatamento, queiram eles sejam ou não ligados ao setor rural organizado. É responsabilidade das lideranças do agronegócio dizer a estas pessoas que o desmatamento ilegal é crime.

A segunda é dialogar com a sociedade civil com objetivo de informá-la que os agentes do desmatamento não são ligados ao agronegócio, são sim criminosos. E a terceira é também dialogar, só que desta vez com o governo para que fiscalize e proíba os crimes ambientais, que são cometidos na Amazônia. Um ponto crucial é que a ausência do Estado abre brechas para o desmatamento.

Aqui vale destacar também que para a Opinião Pública, mais uma vez, pouco importa se é bioma amazônico ou Amazônia Legal, convenção legal que abriga estados do centro-oeste e da região norte. Tudo é Amazônia e na Amazônia a produção tem que ser sustentável.

Desta forma, bater no discurso que a produção rural, ao menos grandes lavouras de soja ou criações de gado, na Amazônia ocorrem na Amazônia Legal e não no bioma também não é adequado. O grande desafio é dar valor à floresta em pé. É dar viabilidade econômica as mais de 20 milhões de pessoas que moram lá.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Agronegócio tem que dialogar mais e melhor com o meio urbano, diz Carlo Lovatelli da Abag

O agronegócio precisa dialogar mais e melhor com o meio urbano, diz o presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Carlo Lovatelli.

Segundo ele, a grande massa urbana não tem uma visão próxima da realidade do agronegócio. "Logo, temos que fortalecer o diálogo, investir em um esforço educacional, que mude a percepção da cidade com relação ao campo. Mostrar os benefícios do agronegócio para a vida das pessoas que moram nos grandes centros."

Por que da escolha do tema sustentabilidade para o 7º Congresso Brasileiro de Agribusiness?

A sustentabilidade assumiu "status" de valor atribuído a processos, produtos e serviços e o universo empresarial do agronegócio tem que colocar o tema em sua agenda. A demanda pelo o que é sustentável (ambientalmente adequado, socialmente justo e economicamente viável) é tão grande, que quem ignora a questão, fica marginalizado. Por isso, queremos discutir a temática com os principais agentes do setor rural e os públicos estratégicos do segmento.

O agronegócio brasileiro adquiriu a maturidade que precisa evoluir em busca de um modelo de desenvolvimento sustentável ou o setor age pautado por pressões de fora do segmento?

É uma mistura de ganho de consciência do setor e pressão de públicos externos. A exigência pela sustentabilidade fez com que quem tinha idéia do que se tratava acelerou suas ações com foco no assunto. E quem não tinha noção da necessidade começou a agir.

Falta maior união entre os agentes da cadeia produtiva do agronegócio em favor da construção de um discurso institucional uniforme e coeso para o setor?

Sem dúvida. É uma bandeira que defendemos há anos. O agronegócio sempre foi uma atividade, de certo modo, desconhecida, marginalizada pela sociedade urbana. Isso vem mudando aos poucos, com o avanço na cobertura midiática do setor. Há cinco, seis anos não tínhamos o espaço que temos hoje.

Soma-se a isso o processo de fragmentação da representação rural, no qual cada cadeia produtiva passou a pensar somente na sua atividade. Isso enfraqueceu o setor no diálogo com a sociedade.

Outro exemplo é a iniciativa do Instituto do Agronegócio Responsável (Ares), formado pelas principais entidades do setor, com objetivo de gerar conhecimento e abrir canais de comunicação com a sociedade. A proposta do Ares é discutir as coisas boas e ruins do agronegócio do ponto de vista da sustentabilidade, de forma pró-ativa, antecipando-se, para que o setor não fique somente contornando crises.

O agronegócio não deveria dialogar mais e melhor com o meio urbano, fatia da sociedade, em que querendo ou não a Opinião Pública é formada e assim norteia as decisões de negócios e as políticas públicas?

Certamente, com cidadãos, consumidores. A grande massa urbana não tem uma visão próxima da realidade do agronegócio. Já vi casos, por exemplo, de uma criança que nunca viu uma galinha.

Logo, temos que fortalecer esse diálogo, investir em um esforço educacional, que mude a percepção da cidade com relação ao campo. Mostrar os benefícios do agronegócio para a vida das pessoas que moram nos grandes centros.

Este diálogo deficiente com a sociedade urbana não distorce a imagem que a população das cidades tem do agro?

Com certeza. Precisamos trabalhar para informar a Opinião Pública do valor do agronegócio para o País. Destacar a transferência de renda do agro para a sociedade brasileira.

O senhor participou de um giro pela Europa no final do ano passado a fim de trabalhar a questão da responsabilidade socioambiental do agronegócio brasileiro. Qual é a percepção do europeu acerca da sustentabilidade do agro brasileiro e com base nesta avaliação em quais frentes o setor deve investir?

A percepção é péssima. Eu esperava que fosse ruim, mas é pior do que eu pensava. O nível de conhecimento europeu acerca do agronegócio brasileiro é baixo, a informação é distorcida, em alguns casos, até maldosa.

A imagem é negativa por razões especulativas, de mercado, porque o Brasil é um grande player mundial, mas também por notícias de trabalho escravo, desmatamento e afins. Precisamos fazer mais "road shows" pelo mundo, mostrando o que o Brasil tem de bom. Se não começarmos a contar a verdadeira história, seremos esmagados por coisas absurdas ditas por lá. Cabe a nós este desafio.

Para encerrar, como disseminar o valor "sustentável" entre os produtores rurais?

Um ponto importante é fazer com que os investimentos em sustentabilidade sejam revertidos em melhor remuneração ao produtor rural ou em melhores condições de inserção dos seus produtos nos mercados.

Trabalhamos assim, por exemplo, no caso da soja, onde procuramos entidades internacionais, dispostas a pagar mais pela manutenção da floresta em pé, de acordo com a lei brasileira. O consumidor quer certificação. A sustentabilidade passa pela questão socioambiental, mas também pelo vetor econômico.

domingo, 11 de maio de 2008

Produção responsável na ordem do dia

Reportagem da jornalista Fernanda Yoneya, publicada dia 16 de abril no jornal "O Estado de São Paulo", destaca que a agricultura deve, cada vez mais, preservar o ambiente, além de garantir respeito a regras sociais e trabalhistas. O AgroResponsável recomenda a leitura. Confira:

"Preservação ambiental, responsabilidade social e eficiência. A busca por uma produção sustentável passa, obrigatoriamente, por esses três itens. 'O conceito de agricultura responsável baseia-se em boas práticas de produção, sob os pontos de vista ambiental, social e econômico', define a superintendente do Instituto para o Agronegócio Responsável (Instituto Ares), Meire Ferreira.

O Ares foi fundado em setembro, com o objetivo de 'facilitar a compreensão de sustentabilidade para as cadeias produtivas', explica Meire. Tem 21 entidades associadas e trabalha o conceito de agricultura responsável com dez setores: bovinocultura, suinocultura, avicultura, milho, soja, algodão, citros, café, cana e madeira. 'Os desafios ambientais e sociais são comuns a todas as cadeias.'

Outra iniciativa recente foi a criação da Round Table on Responsible Soy Association, ou Mesa-Redonda da Soja Responsável, um fórum de discussão criado para definir critérios de produção sustentável de soja. Foi lançado em 2005, por importadores europeus, e, hoje, tem como membros associações de produtores, exportadores, cooperativas, indústrias, instituições financeiras, supermercados e organizações da sociedade civil.

LISTA EM DISCUSSÃO

No fórum, dois dos representantes dos produtores rurais brasileiros são a Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja) e a Cooperativa Agropecuária Alto Uruguai (Cotrimaio), de Três de Maio (RS). 'A lista de critérios está sendo discutida, mas envolve itens de preservação ambiental e ações de responsabilidade social', diz o representante da Cotrimaio no fórum, Silceu Dalberto.

Dalberto explica que entre os critérios em discussão pode-se destacar a questão da mão-de-obra, que deve ser 'socialmente justa'; a adoção do sistema de plantio direto como prática conservacionista; a preservação e o bom uso da água na propriedade, a obediência às determinações legais de manutenção de áreas de preservação permanente (APP) e de reserva legal, a devolução adequada de embalagens de agrotóxicos e a criação de um certificado para a propriedade, como forma de agregação de valor.

COMPETITIVIDADE

'Muitos produtores já seguem tais determinações, exigidas por lei, mas a idéia é fazer com que todos os produtores regularizem a propriedade para não perder a competitividade.' A previsão é que a lista de recomendações e exigências esteja pronta em 2009. Conforme o vice-presidente da Aprosoja, Ricardo Arioli Silva, a legislação ambiental brasileira pode ser considerada como uma das mais rígidas do mundo. 'O conceito de reserva legal no Brasil, por exemplo, é único', afirma. Ele cita, ainda, a questão de devolução de embalagens de agrotóxicos, que, no País, chega a 87% e, em MT, 92%, segundo o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev). Para Silva, 'a idéia é a de que o sojicultor que estiver adiantado em responsabilidade ambiental seja recompensado.'

Produzir com responsabilidade social tornou-se outro pré-requisito para se manter no mercado, sobretudo o externo. 'Essa cobrança já existe', diz o produtor Orcival Guimarães, que produz algodão, soja, milho e sorgo em quatro municípios de Mato Grosso: Lucas do Rio Verde, Sorriso, Tapurá e Santa Rita do Trivelato.

Pensando nisso, Guimarães, que produz 1,4 milhão de arrobas de algodão em pluma e exporta 70% da produção, obteve o Selo de Conformidade Social, emitido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A certificação atesta, basicamente, que a produção não utilizou trabalho forçado, infantil, indigno ou degradante, diz o diretor-executivo do Instituto Algodão Social (IAS), Félix Balaniuc, 'e prova que a propriedade é socialmente responsável'.

CONCEITOS

A produção responsável envolve critérios ambientais, sociais, de rastreabilidade, de bem-estar animal e de segurança alimentar

# Ambiente - Vai desde a obediência à legislação ambiental referente, por exemplo, às áreas de preservação permanente (APP) e de reserva legal, à destinação correta das embalagens de agrotóxicos

# Social - Deve-se fornecer condições de trabalho dignas ao trabalhador, da carteira assinada, exigida por lei, a programas voluntários de capacitação e educacionais, voltados também para seus dependentes

# Certificação - Atesta que o produto, processo ou serviço obedece a requisitos pré-definidos. Valoriza o produto sob o ponto de vista dos 3 princípios da sustentabilidade: economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente adequado."

terça-feira, 29 de abril de 2008

Palestra na Expozebu destaca certificação socioambiental

A Expozebu 2008 terá como uma de suas atrações palestra sobre certificação socioambiental de propriedades rurais. A exposição, que acontece dia 05, às 14h10, em Uberaba (MG), irá destacar o Cadastro de Compromisso Socioambiental (CCS), uma espécie de protocolo de normas relacionadas ao respeito socioambiental, que é aplicado a processos e produtos da fazenda.

O CCS é uma iniciativa da Aliança da Terra (AT) em parceria com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e Woods Hole Research Center. A palestra será ministrada pelo representante da AT, John Cain Carter. Segundo ele, o diagnóstico do CSS procura analisar a propriedade da porteira para dentro de uma forma integrada, com objetivo de identificar e, principalmente, quantificar ativos e passivos ambientais da fazenda.

“Através dessa identificação e quantificação é proposto um Compromisso de Adequação Socioambiental (CAS), quando a equipe técnica da AT elabora junto ao proprietário quais e quando serão tomadas as medidas de correção para os passivos identificados no diagnóstico”, explica Carter.

Para ele, é imprescindível a criação de incentivos quando se pensa em conservação ambiental, fazendo com que seja possível conciliar produção e conservação.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Stakeholders do Agronegócio - Identificação e Engajamento

O assíduo leitor e colaborador do AgroResponsável, o engenheiro agrônomo José Carlos Pedreira de Freitas, consultor em sustentabilidade e diretor da HECTA (Desenvolvimento Empresarial nos Agronegócios), nos encaminha nova contribuição.

No artigo "Stakeholders do Agronegócio - Identificação e Engajamento", Pedreira destaca que o engajamento das “partes interessadas” (stakeholders) é uma das mais importantes ferramentas para o entendimento, pelas empresas, do verdadeiro significado da sustentabilidade e de como esses atributos podem adicionar valor e reduzir riscos em suas operações.

Segundo ele, engajar os públicos de interesse significa conhecer suas expectativas, estabelecer um canal efetivo de diálogo e troca de informações, num processo de avaliação permanente capaz de prevenir e mesmo remediar eventuais conflitos, recolhendo insumos que possam aperfeiçoar seu processo de tomada de decisão, reduzindo custos e adicionando valor aos seus produtos e serviços.

De acordo com Pedreira, as empresas precisam, inicialmente, identificar quais os principais atores que mantêm relação com seu negócio, examinando de que maneira influenciam e são influenciados por ele. * Confira o artigo completo, inclusive, com ilustrações clicando aqui.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Produtores e meio urbano juntos na Argentina. Será que isso aconteceria no Brasil?

Os produtores rurais argentinos vêm tendo o apoio espontâneo da população urbana no protesto que realizam contra o governo de Cristina Kirchner, que taxou as exportações de produtos agrícolas, como medida para garantir o abastecimento interno.

Sem entrar no mérito de quem tem razão, sejam produtores, seja o governo, o AgroResponsável propõe a reflexão se o mesmo aconteceria no Brasil. Será que por aqui os produtores rurais encontrariam respaldo no meio urbano para suas reivindicações? Este blog arriscar a dizer que não.

Ao menos nos dias atuais em que o agronegócio brasileiro ainda engatinha no tocante a dialogar sistematicamente com a população das cidades. É nos grandes centros que se forma a Opinião Pública, que influencia negócios e políticas públicas. Que a Argentina sirva de exemplo.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Cadeias produtivas do etanol e suco de laranja são insustentáveis, diz estudo

Os atuais modelos brasileiros de produção de suco de laranja concentrado e de etanol de cana-de-açúcar são insustentáveis. A conclusão faz parte da tese de doutoramento de Consuelo Fernandez Pereira, apresentada à Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp.

De acordo com a pesquisadora, que baseou sua análise em um estudo de caso, a situação decorre do fato de ambos os setores serem dependentes do uso de combustíveis fósseis e causarem variados impactos ambientais ao longo das respectivas cadeias produtivas. Saiba mais clicando aqui.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Ares apresenta diagnóstico da sustentabilidade do agronegócio brasileiro

O Ares, Instituto para o Agronegócio Responsável, divulga dia 19 de março (quarta-feira), a partir das 11h, no Hotel Maksoud Plaza, na cidade de São Paulo, as principais conclusões dos dois primeiros estudos elaborados pelo instituto: "Sustentabilidade no Agronegócio Brasileiro – uma análise exploratória qualitativa" e "Governança socioambiental dos sistemas agroindustriais".

O Ares surgiu em setembro de 2007 com o objetivo de promover conhecimento sobre a sustentabilidade do agronegócio e abrir canais de diálogo com os principais públicos estratégicos do setor. Na ocasião também será lançado o site do instituto.

Sobre o Estudo: "Diagnóstico sobre a sustentabilidade de 10 cadeias do agronegócio"

O estudo, de autoria de Roberto Waack, Samuel Giordano, Fátima Cardoso e Daniela Bacchi Bartolomeu, é uma ferramenta que irá orientar a estratégia do Ares quanto a prioridades para a geração de conteúdo.

A pesquisa identificou demandas, pontos críticos e iniciativas de cada uma das dez cadeias do agronegócio: algodão, milho, soja, bovinos, frango, suínos, café, cana, citros e florestas plantadas. O diagnóstico inicial sobre a sustentabilidade dessas cadeias considera os aspectos ambiental, social e econômico, com base na percepção das suas lideranças.

Com relação ao Sistema Agroindustrial da carne bovina, por exemplo, produto que está na berlinda em função da suspensão das importações por parte da União Européia, destacam-se os seguintes aspectos: os problemas relativos à sustentabilidade são trabalho escravo, desmatamento e problemas sanitários.

Um dos principais problemas institucionais identificados são as restrições de comércio internacional por meio de barreiras sanitárias. O fato de o Brasil ser competitivo na produção de carne, a ponto de conseguir ter acesso a mercados altamente taxados, faz com que a Europa acuse o País de dumping.

Ao contrário do mercado internacional, o consumidor interno não apresenta restrições. Por aqui, a população ainda está ligada ao preço da carne e à possibilidade de consumo. Entretanto, observa-se um movimento restrito à pequena parcela da população de renda superior, de preocupação com questões socioambientais, como os consumidores orgânicos. Conseqüentemente, o mercado externo é o grande motor impulsionador das mudanças no sistema produtivo no SAG da pecuária de corte.

Há dificuldades no cumprimento de algumas legislações e isso está diretamente relacionado à falta de fiscalização e de informação sobre as leis existentes (ambiental, social e fundiária) e obrigatoriedade do cumprimento. A estrutura pulverizada e informal do setor dificulta a divulgação de dados e estatísticas confiáveis, prejudicando estudos e acompanhamento do mercado, análise de tendência, etc.

A falta de organização do SAG da carne bovina reflete negativamente nas questões sociais, especialmente naquelas ligadas ao emprego da mão-de-obra na fazenda. Programas de responsabilidade socioambiental são incipientes no SAG da pecuária de corte e estão concentrados nos frigoríficos.

Seminário discute sustentabilidade ambiental na agropecuária paulista

A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, realiza dias 13 e 14 de março, em Barra Bonita, o seminário “Sustentabilidade Ambiental – Qualidade de Vida para Novas Gerações”.

O evento integra o ciclo de programas estratégicos da Apta, que tem como objetivo desenvolver projetos relacionados à regulamentação e uso adequado dos recursos naturais renováveis, utilizando-se do manejo sustentável e da diversificação de produtos como forma de garantir a preservação da biodiversidade e sustentabilidade ambiental da agropecuária paulista.

* Para mais informações clique aqui.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Agronegócio tem que dialogar com a sociedade urbana

Até o dia 23 de março, o shopping Tatuapé aqui na cidade de São Paulo abrigará a exposição "Nesta Páscoa ajude a salvar o seu planeta". A iniciativa, que tem como mote a Amazônia, é do Greenpeace. Segundo nota distribuída à imprensa, o público tomará conhecimento por meio de fotos como a floresta vem sendo destruída e quais ações a ONG vêm realizando para impedir o "desastre ecológico".

Ressalta-se também que há um módulo dedicado especialmente às crianças, com um circuito de brincadeiras monitoradas. Bom, mais uma vez o Blog avisa que não está discutindo o conteúdo das mensagens que estarão sendo passadas. O AgroResponsável não toma partido neste aspecto. Não busca conflito. Procura sim diálogo e reflexão.

O que propomos é que o agronegócio faça o mesmo. O agronegócio "NÃO DIALOGA" com a sociedade urbana, não conversa com as "CIDADES". Aí fica complicado mostrar a realidade do setor e trabalhar a reputação e imagem junto a um dos seus principais públicos-alvo: as pessoas que moram nas cidades, formadoras da Opinião Pública e consumidoras do que o agro produz.

Desta forma, sem esse "diálogo", certamente as únicas mensagens que as pessoas continuarão a receber serão outras e não as do agronegócio. O Blog reitera novamente que não está discutindo o teor das mensagens, mas sim dizendo que para o agronegócio crescer ele precisará "dialogar" com a sociedade urbana, seguindo o exemplo, do que o Greenpeace faz.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Agronegócio se mexe para transformar cobranças socioambientais em oportunidade

Quero compartilhar com o caro leitor matéria publicada na revista "Exame" no final de 2007. Já faz um tempinho, porém, a reportagem, da jornalista Fabiane Stefano, traz uma interessante e atual análise do movimento dos agentes do agronegócio ante as questões socioambientais em busca da reputação e imagem de "sustentáveis".

A matéria, do dia 29/11/2007, intitulada "Sob pressão", destaca que as empresas brasileiras do agronegócio nunca estiveram tão expostas a cobranças ambientais e sociais e agora se mexem para transformar o risco em oportunidade. "Além de aliviar as pressões, [...] empresas estão melhorando os próprios resultados ao adotar políticas mais 'sustentáveis'."

A reportagem ressalta que as principais acusações relativas à irresponsabilidade socioambiental do agronegócio brasileiro são as práticas de desmatamento, escravidão e trabalho infantil. Stéfano deixa claro que episódios criminosos isolados mancham todo o setor.

A matéria apresenta iniciativas responsáveis do agronegócio, como, por exemplo, a do grupo André Maggi, que está certificando suas fazendas com o selo ISO 14001 de boas práticas ambientais. Ou o protocolo ambiental, com a assinatura de 79 usinas em São Paulo, que prevê a antecipação da extinção das quemadas no País de 2021 para 2014.

Outro exemplo vem do grupo Nova América, que vem avançando no processo de mecanização da colheita de cana-de-açúcar. Com a introdução das máquinas, os cortadores passam a ser capacitados para outras funções na empresa.

* Confira a íntegra da matéria:

Sob pressão

As empresas brasileiras do agronegócio nunca estiveram tão expostas a cobranças ambientais e sociais -- e agora se mexem para transformar o risco em oportunidade


Por Fabiane Stefano

O agronegócio brasileiro ganhou um prestígio sem precedentes nos últimos anos. Alta produtividade, competitividade e tecnologia tornaram-se marcas de um segmento vital da economia que responde hoje por 92% do saldo da balança comercial brasileira. Em 2007, o faturamento projetado deve alcançar 567 bilhões de reais -- 5% mais do que no ano anterior.

Com a expansão, no entanto, as empresas do setor ficaram expostas a pressões sociais e ambientais crescentes. Hoje, organizações não-governamentais, clientes e sobretudo países concorrentes dos produtores brasileiros denunciam a prática de DESMATAMENTO ilegal, escravidão e uso de trabalho infantil. Embora a maioria dos quase 6 milhões de propriedades rurais brasileiras opere dentro da lei, episódios criminosos como esses prejudicam a imagem de todo o setor.

O resultado é que a vigilância sobre produtores de soja, usinas de cana e criadores de gado nunca foi tão grande. Até o etanol, tido como a grande alternativa aos combustíveis fósseis, é colocado em xeque -- pelo risco de inflacionar o preço dos alimentos. Um grupo cada vez mais relevante de empresas começa agora a tentar reverter essa ameaça e a transformá-la numa boa oportunidade de negócios. "A sustentabilidade entrou no planejamento estratégico das empresas do agronegócio, e quem não fizer isso terá problemas no futuro", afirma Pedro Jacyr Bongiolo, presidente do grupo André Maggi, um dos maiores produtores de soja do Brasil.

A empresa está começando a certificar suas fazendas com o ISO 14001, selo de garantia de boas práticas ambientais. "Já existem produtores que estão tendo dificuldade em obter as melhores condições de crédito porque não investem em práticas sociais e ambientais corretas", diz Bongiolo.

Um dos exemplos dessa tentativa de virada é a recente movimentação de 79 usinas de cana de São Paulo para a elaboração de um protocolo ambiental que prevê a antecipação da extinção das queimadas no país de 2021 para 2014. A entidade calcula que até 2017 toda a cana produzida no estado seja colhida com máquinas, extinguindo o corte manual. A mecanização é uma resposta à crescente patrulha ambiental (já que elimina a queima da cana antes do corte) e social sobre os canaviais.

Um sem-número de organizações critica as condições do trabalho manual dos cortadores de cana. Um relatório da ONG inglesa Oxfam publicado em novembro afirma que "existem trabalhadores que vivem em condições subumanas, sem acesso a água limpa, e são forçados a comprar seus alimentos e medicamentos nas próprias plantações em que trabalham, por preços mais altos". Além de aliviar as pressões, essas empresas estão melhorando os próprios resultados ao adotar políticas mais "sustentáveis".

Um estudo realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, aponta que, entre 1981 e 2004, houve queda de quase 21% no número de trabalhadores rurais no setor. No mesmo período, a produção de cana-de-açúcar quase triplicou no país -- de 156 milhões de toneladas para 415 milhões de toneladas. "Os resultados dessas empresas devem motivar a adesão de outras", diz Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar de São Paulo.

Inimiga no 1

O grupo Nova América, dono da marca de açúcar União, é um dos signatários do novo protocolo. Hoje, metade dos 7 milhões de toneladas de cana colhida pela empresa é feita por máquinas. O restante é colhido por 2 200 cortadores. "Uma parte dos cortadores receberá treinamen to para operar em outras áreas do grupo", diz Mário Ibiee, diretor de recursos humanos da empresa.

Alguns dos que ficarem devem, por exemplo, aprender a operar as máquinas, emprego que poderá lhes render um salário maior. A outra parte acabará sendo dispensada (a empresa ainda não sabe precisar o número de pessoas). A expectativa da Nova América, que atua no sudoeste de São Paulo, é que esses trabalhadores sejam absorvidos por outras usinas em áreas onde o cultivo da cana está em plena expansão, como Minas Gerais ou Goiás.

Para os produtores de soja, reverter os efeitos dessa crescente pressão ambiental e social exige um esforço ainda maior. É sobre eles que vem recaindo a maioria das ações ativistas nos últimos anos. Um dos maiores celeiros do grão no mundo, o Brasil fechará 2007 com uma SAFRA de 58 milhões de toneladas de soja -- produção que dobrou na última década. E, à medida que o mercado consumidor aumenta, a cultura avança sobre o bioma da Amazônia, região que compreende uma área de 367 milhões de hectares.

Trata-se de uma equação complexa, que acabou tornando a soja uma espécie de inimiga número 1 da floresta Amazônica. Para conter a invasão do grão, os ativistas têm mirado nas grandes empresas exportadoras -- e, em alguns casos, também em seus clientes. Em maio de 2006, por exemplo, a Cargill, uma das maiores esmagadoras de soja do mundo, teve seu porto em Santarém, no estado do Pará, bloqueado pelo Greenpeace na tentativa de impedir o carregamento dos grãos que seriam destinados à Europa.

As operações da empresa ficaram paradas por menos de 4 horas, mas os estragos já estavam feitos. Logo depois do episódio da Cargill, uma campanha organizada também pelo Greenpeace chamada Comendo a Amazônia mobilizou redes de supermercados e fast food, entre elas o McDonald"s, que passaram a pressionar a indústria de soja a não comprar grãos da região amazônica. O resultado é que as imposições dos importadores aumentaram e as processadoras tiveram de dar respostas à sociedade.

Teto de vidro

As fragilidades do agronegócio brasileiro e as soluções das empresas do setor:

DESMATAMENTO

* Problema

O avanço da soja na região amazônica começa a ser rejeitado por grandes compradores do grão brasileiro, e a pressão dos importadores estrangeiros ainda deve aumentar.

* Solução

Grandes exportadores como Bunge e Maggi criaram, recentemente, normas ambientais e sociais para seus fornecedores de grãos.Quem não se submeter a elas não conseguirá mais vender a essas companhias.

TRABALHO ESCRAVO E INFANTIL

* Problema

Embora tenha havido uma redução no Brasil, o trabalho infantil no campo resiste por uma questão cultural. Começa, em geral, como uma atividade familiar nas pequenas propriedades.

* Solução

Em novembro, 79 usinas paulistas assinaram um protocolo que prevê a implantação de mecanização em todo o estado de São Paulo até 2017. Além de evitar problemas trabalhistas com os cortadores de cana, os usineiros eliminam as queimadas durante a colheita.

MANEJO DE SOLO

* Problema

O uso incorreto de fertilizantes e defensivos pode empobrecer o solo e contaminar nascentes. E terras inférteis significam menos competitividade no campo.

* Solução

Empresas de defensivos agrícolas estão desenvolvendo projetos para conservar o solo e proteger as nascentes.Nos últimos três anos, a Syngenta ajudou a recuperar quase 1 500 nascentes.

Suspensão temporária

Por enquanto, a solução da agroindústria brasileira foi criar uma moratória de dois anos para a soja proveniente de novos desmatamentos no bioma da Amazônia. Com a medida, as empresas do setor se comprometeram a não comprar a produção de novas áreas de plantio, tentando, assim, desestimular o avanço da soja na região. O prazo termina em junho do ano que vem -- quando o assunto será rediscutido --, mas a pressão dos grandes importadores deve continuar.

"Precisamos admitir que existe um passivo ambiental no setor e transformá-lo em um ativo ambiental no futuro", diz Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio. Lovatelli recentemente visitou capitais européias, onde se encontrou com executivos de grandes importadores. "A mensagem dos compradores foi clara. Eles não vão adquirir soja da região amazônica", diz Lovatelli.

A Bunge, outra gigante do processamento de soja, criou regras rígidas nos quesitos social e ambiental para seus cerca de 70 000 fornecedores de grãos no país. Quem não seguir à risca o programa pode ter o contrato rescindido. Embora raros, já houve casos de produtores limados por não adotar a cartilha de sustentabilidade da Bunge. "Não é mais suficiente produzir bem e a um baixo custo. O importante é se a produção é sustentável no longo prazo", diz Adalgiso Telles, diretor de comunicação corporativa da Bunge.

Há algumas iniciativas pontuais em que empresas ligadas à cadeia da soja começam a se unir para criar um movimento que acabe com essa imagem. É o caso do projeto Lucas do Rio Verde Legal, patrocinado pela fabricante de alimentos Sadia e pela suíça Syngenta, uma das maiores produtoras de sementes do mundo. O programa pretende tornar o município mato-grossense de Lucas do Rio Verde -- que tem cerca de 600 propriedades rurais e concentra 1% de toda a soja produzida no país -- o primeiro livre de passivos ambientais e trabalhistas do Brasil.

Na fase inicial do projeto, organizado pela ONG americana The Nature Conservancy, foram mapeadas via satélite todas as fazendas da cidade e verificadas se suas reservas estão em conformidade com a legislação, que prevê uma área de vegetação nativa equivalente a uma faixa entre 20% e 80% do total da propriedade. A soma de hectares irregulares será reposta com a compra de uma área de mesmo tamanho, paga pelos produtores que plantaram onde não deviam. O próximo passo será regularizar questões trabalhistas e práticas de manejo de solo.

"Vamos preservar nossos agricultores", diz Egídio Muniz, gerente de segurança de produtos da Syngenta. Se o projeto der certo, deverá ser replicado em outras cidades do Agronegócio. Não há filantropia nem bom-mocismo por parte das empresas. "A sobrevivência do agricultor significa a sobrevivência da empresa", diz Muniz.

Apesar das iniciativas, uma característica inerente ao agronegócio pode colocar em risco o fortalecimento desse movimento. A produção agropecuária gera commodities, e poucas são as empresas rurais que fortalecem suas marcas -- o que impede o consumidor de saber, afinal, quem é quem no mercado. Essa é justamente a dificuldade que o setor exportador de carne vive no país. As fazendas de gado são as campeãs na chamada lista suja do Ministério do Trabalho, que denuncia a ocorrência de situação semelhante à escravidão.

Como esses casos criminosos têm se repetido, os competidores estrangeiros acabaram ganhando munição. A Inglaterra, por exemplo, grande concorrente do país na venda de carne bovina para a Europa, já divulgou estudos tentando provar que os baixos custos da carne brasileira são provenientes do uso de trabalho de escravos na cadeia produtiva.

"Os estrangeiros pegam o que há de pior e generalizam com o objetivo de criar barreiras não-tarifárias", diz o ex-ministro da Agricultura Marcus Vinícius Pratini de Moraes, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). "Eles sempre vão inventar problemas para impedir o acesso ao produto brasileiro lá fora."

quarta-feira, 5 de março de 2008

Produção de arroz terá selo de responsabilidade socioambiental

A produção de arroz no estado do Rio Grande do Sul terá um selo de responsabilidade socioambiental. A iniciativa é do governo gaúcho e do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Segundo o presidente do Irga, Maurício Fischer, o selo tem como objetivo promover a sustentabilidade ambiental, desencadear o processo de certificação e rastreabilidade, além de garantir aos produtores o reconhecimento quanto ao uso de práticas ambientais na lavoura de arroz.

Apesar de não ter mais informações, o discurso é bonito e a ação merece elogios. Vamos ver como será na prática.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Introduzir responsabilidade social na estratégia de negócios torna a empresa mais competitiva

As empresas que tiverem relacionamentos mais abertos com os diferentes públicos com os quais interagem (ou stakeholders, como são conhecidos em inglês) e colocarem a responsabilidade social no centro de sua estratégia de negócios serão mais competitivas; atrairão e reterão os melhores talentos; e ganharão acesso a novas oportunidades de mercado, segundo estudo global conduzido pela IBM.

Muitas companhias vêem agora a responsabilidade social corporativa como uma oportunidade de crescimento: 68% das entrevistadas focam na geração de renda por meio de iniciativas de responsabilidade social corporativa. Além disso, 65% reconhecem que as iniciativas de responsabilidade social podem ter um impacto financeiro positivo em seus resultados e 54% acreditam que elas oferecem uma vantagem competitiva.

O fator que impulsiona estas atitudes é a influência cada vez maior de clientes que, em virtude de sua capacidade de pesquisar e compartilhar informações na Internet, ficam muito sensibilizados com diversas questões: da mudança climática, segurança de produtos, práticas de trabalho e responsabilidade financeira corporativa, até se as corporações estão devolvendo à comunidade uma porção suficiente de seu lucro.

Embora os clientes estejam se tornando o principal motor das iniciativas de RSE, 76% das empresas entrevistadas admitem que não conhecem as preocupações de seus clientes com responsabilidade social. De fato, até empresas que se consideram bem informadas e preparadas podem estar enganadas. Cerca de dois terços das empresas entrevistadas acreditam que têm informação suficiente sobre as origens de seus produtos e serviços para satisfazer as preocupações dos clientes. No entanto, metade delas admite que não entende as expectativas de seus clientes quanto ao tema.

Além de clientes, os stakeholders incluem acionistas, parceiros de negócio, a comunidade, organizações governamentais e não-governamentais. Aproximadamente, 75% das empresas informaram que a quantidade de grupos de defensoria que reúnem e apresentam informação sobre elas tem aumentado nos últimos três anos, assim como a quantidade de informação que as empresas estão fornecendo sobre a origem, a composição e o impacto de seus produtos, serviços e operações.

"Quanto mais informações recebem os stakeholders, mais eles querem saber e compartilhar. Este conhecimento crescente está impulsionando suas decisões sobre o que comprar, para quem trabalhar, com quem formar uma parceria, onde investir e como se deve regulamentar a indústria", comenta George Pohle, VP e Líder Global da prática de Consultoria de Estratégia de Negócios da IBM. "Estabelecer a responsabilidade social no centro das estratégias de negócio das empresas não é apenas crítico para se manter à altura dos stakeholders, mas também representa um caminho vital para o crescimento sustentável.

As empresas podem obter grande valor com a troca de informações com seus stakeholders, o que tende a melhorar sua eficiência operacional - novos métodos para reduzir ou reutilizar resíduos e idéias para refinar produtos e serviços existentes, por exemplo. Porém, isto requer a implementação de uma estratégia baseada na transparência das informações".

Estas conclusões são parte de um novo relatório divulgado pelo IBM Institute for Business Value, chamado: "Alcançando Crescimento Sustentável Através da Responsabilidade Social Corporativa" ("Attaining Sustainable Growth Through Corporate Social Responsibility"). O estudo completo, disponível em www.ibm.com/gbs/csrstudy, avalia o quanto as empresas entendem e como lidam com as expectativas relacionadas a responsabilidade social corporativa, assim como projeta passos ao longo da "curva de valor" que as companhias podem seguir para alinharem estrategicamente seus objetivos de RSE com suas estratégias de negócio.

Segundo o relatório, o benefício máximo das oportunidades com responsabilidade social se obtém quando todas as atividades na curva de valor - legal, filantropia estratégica, auto-regulamentação baseada em valores, eficiência e crescimento - são integradas em uma estratégia única, com a liderança e a inovação impulsionadas tanto pelos funcionários, clientes e parceiros de negócios como pelo CEO.

Metodologia do estudo IBM

A IBM entrevistou altos executivos e diretores de estratégia em 250 companhias dos setores bancário, petroquímico, de bens de consumo, eletrônico, de energia e utilities, varejista e automotivo. Dos participantes, 30% estão localizados na América do Norte, 30% na Ásia Pacífico, 20% na Europa Ocidental, 7% na Europa Oriental, 6% na América Latina e 4% no Oriente Médio e África. tame

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Só o conhecimento desmistificará o conceito que a Amazônia é intocável

No tocante à polêmica do embargo da UE à carne bovina brasileira, destacamos que rastreabilidade nada mais é do que responsabilidade, com processos e produtos, em favor das pessoas. Se isso já tivesse sido entendido, a polêmica talvez nem existiria.

D
esmatamento na Amazônia e embargo da União Européia à carne bovina brasileira. Estes fatos são as duas principais polêmicas do agronegócio brasileiro neste começo de ano. No ponto de vista deste blog, no caso da Amazônia, é ineficaz o agronegócio se amparar na discussão se é juridicamente legal ou ilegal desmatar ou ter destamatado, sob o guarda-chuva de governos anteriores, na região. Seja no bioma, seja na porção de terras chamada Amazônia Legal.

Isso porque é uma daquelas discussões que podemos chamar de ingratas. Pode ser legal juridicamente desmatar tantos por cento na Amazônia, mas será que para a sociedade é uma ação moral?

O fato é que frente à "Opinião Pública" formada no meio urbano, que, novamente o AgroResponsável reitera, querendo ou não, é o extrato da população ouvido pela mídia, ou seja, a parcela de pessoas que norteia escolhas e decide, o agronegócio não pode usar a Amazônia, mesmo que em projetos de caráter sustentável. Ao menos, não nesse momento. Hoje, mexer na floresta é algo visto como errado, que vai de encontro ao que é legal e acima de tudo ao que é ético e moral.

O agronegócio precisa entender isso. Como, por exemplo, "combater" equívocos de uma mensagem-chave do maior banco do País, disseminada a torto e a direta nos maiores meios de comunicação, que afirma que o equilíbrio do clima no mundo depende da Amazônia. Um desafio e tanto, não é mesmo? Um desafio que somente será vencido com ação e informação. Ação que impeça o desmatamento na Amazônia concomitantemente a campanhas de informação que mostrem que é viável e necessário fazer da floresta um espaço de produção sustentável. Até para as pessoas que lá vivem.

É preciso desmistificar o conceito que a floresta é intocável. Porém, neste momento, ela tem que ser compreendida pelo agronegócio como intocável sim. Esse quadro só poderá ser mudado depois que a mensagem-chave, que é possíver desenvolver projetos sustentáveis na Amazônia, for maciçamente disseminada e percebida pela "Opinião Pública". Se estas duas ações não ocorrerem simultaneamente, o agronegócio continuará sendo visto como o vilão da história.

No caso do embargo da UE à carne bovina brasileira, salvo as questões protecionistas e técnicas, relativas ao melhor método de rastreabilidade, a questão aqui também é responsabilidade. Por que rastreabilidade nada mais é do que responsabilidade, com processos e produtos, em favor das pessoas, sejam consumidores, funcionários das fazendas ou dos frigoríficos, comunidades ao entorno destes estabelecimentos.

Em relação a todos estes itens, o agronegócio da pecuária patina significativamente, haja vista que nem em temos econômicos, um dos vértices da sustentabilidade, o segmento ainda se encontrou. Que o digam as negociações entre pecuaristas e frigoríficos. Se internamente não nos entendemos, quiçá junto a autoridades e consumidores internacionais.