sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

BOAS FESTAS!

O AgroResponsável deseja aos seus leitores Feliz Natal e um 2008 de muita saúde, paz e felicidades. Estaremos juntos ano que vem. Muito obrigado! Abraços!

O agronegócio precisa incorporar outros diferenciais competitivos

O crescimento competitivo e sustentável do agronegócio está diretamente ligado ao relacionamento do setor com a sociedade em geral. Se antes produzir era a prioridade, de uns tempos para cá, vender antes de produzir é a chave para o sucesso. E para vender é preciso se relacionar, que, por sua vez, exige o fortalecimento ou a abertura de canais de diálogo com os mais diversos públicos (leia-se, por exemplo, clientes ou fornecedores de crédito), inclusive antagonistas.

É a população, em especial das cidades, a grande consumidora dos produtos de origem rural ou no mínimo quem dita as regras de escolha dos mercados. Além disso, é a partir do extrato da sociedade urbana, que se forma o fenômeno conhecido como “Opinião Pública”, fiel da balança de muitas decisões em qualquer lugar do planeta. Logo, negociar com pares e opostos é pensar e agir de forma estratégica.

Hoje, a sociedade tem outros valores incorporados no seu cotidiano como referenciais para suas escolhas. Não basta mais produzir com qualidade a baixo custo e vender pelo melhor preço. Agora, à medida que diferenciais de preço e qualidade se tornam “commodities” ganham peso nos negócios a inovação, a comunicação, a responsabilidade, a segurança, a empatia, valores considerados intangíveis.

Atualmente, o que se vende são atributos de idéias, conceitos, posicionamentos e não o “produto / serviço” em si. A Natura, por exemplo, não vende cosmético, vende beleza, bem-estar. A Pfizer não vende remédio, vende saúde. A Coelho da Fonseca não vende apartamento, vende lar. A Philips não vende aparelhos eletrônicos, vende diversão.

Mas, o agronegócio na percepção dos seus públicos estratégicos de fora do setor, vende carne, frango, arroz, feijão, soja, açúcar. Ou seja, ainda vende produtos, mas não vende idéias, conceitos, sob o guarda-chuva de marcas, salvo exceções, como Sadia, Perdigão, Bunge, entre outras empresas.

Cabe ressaltar, ainda, que conforme a empresa de origem rural e/ou que tenha a agropecuária como a espinha dorsal do seu negócio adiciona valor à sua produção, ela já não é mais percebida como do agro e sim como pertencente a outros segmentos. Isso precisa mudar.

O agronegócio precisa “vender” sim oportunidades, emprego, riqueza, desenvolvimento, que seja socioambientalmente responsável, para que seja percebido como sustentável. E o primeiro passo é se integrar institucionalmente, com objetivo de construir um discurso único e coeso para representação política-econômica-social da classe rural brasileira.

É esta soma que vai favorecer o trabalho do setor para criação e manutenção de vínculos com os seus principais públicos estratégicos. Existe um vazio na atuação intersetorial do setor rural com outros segmentos da sociedade, que precisa e deve ser preenchido. Este é o recado que deixo no final de 2007. Que 2008 seja ano de transformações. Abraços.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Unica divulga programas de responsabilidade social nos EUA

A consultora da União da Indústria de Cana-de-Açúar (Unica), Maria Luiza Barbosa, viajou no mês de outubro aos Estados Unidos para apresentar os programas de responsabilidade social da entidade. O primeiro encontro, no dia 05, foi no Conference Board em Nova York.

Em seguida, entre os dias 08 e 10, Barbosa esteve no 12th International Business Fórum: Business and the Rules of the Game, evento organizado pelo World Bank Institute em parceria com a Inwent, onde ministrou a palestra "Responsabilidade Social e o desafio da sustentabilidade no setor sucroalcooleiro".

Por fim, no dia 12, a consultora se reuniu com Chaim Litewski, produtor executivo de mídia da ONU e, depois, compareceu no evento da The Global Compact – ONU, juntamente com Manoel Escudero, coordenador dos projetos sociais da entidade, para falar sobre sustentabilidade e capacitação.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

AgroResponsável volta a ser atualizado dia 10 de dezembro

Em razão de problemas de saúde do autor do blog, que se encontra em repouso, o AgroResponsável volta a ser atualizado a partir do dia 10 de dezembro.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Agronegócio fica de fora do índice de sustentabilidade empresarial da Bovespa

O agronegócio ficou de fora da nova carteira de ações do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O ISE é um indicador composto de ações emitidas por empresas que apresentam alto grau de comprometimento com sustentabilidade e responsabilidade social.

O AgroResponsável sustenta o posicionamento que o agronegócio ficou de fora do ISE mesmo observando que Perdigão, Sadia, Aracruz, Suzano e VCP estão listadas no índice. O que acontece é que Perdigão e Sadia aparecem como empresas de "carnes e derivados". Por sua vez, Aracruz, Suzano e VCP foram alocadas na categoria "papel e celulose".

O blog observa que estas empresas têm raízes no agronegócio, têm como base do seu "core business" o uso da terra (eucalipto), a pecuária, avicultura, suinocultura. Mas o AgroResponsável analisa também, que conforme a empresa de origem rural adiciona valor à sua produção, como as cinco citadas, ela já não é mais percebida como do agronegócio e sim como pertencente a outros segmentos.

Seria uma questão de conceituação? O blog não saberia responder. Convida seus leitores a se manifestarem. Mas uma coisa é certa. Esta ruptura em termos de titulação do segmento, de terminologia, que substitui o agronegócio por outros termos ou sequer faz alguma alusão ao agro é prejudicial à imagem e reputação do setor, que tem como maior desafio justamente crescer de forma sustentável.

Ou seja, equilibrando o economicamente viável, com o socialmente justo e o ambientalmente adequado. É certo que se algumas destas empresas fossem categorizadas como do "agronegócio", como de fato são, nem que seja em sua origem, seriam exemplos claros para o setor de que é diferencial competitivo investir em responsabilidade socioambiental (a mensagem-chave deste blog). Este fato poderia servir de impulso a que outras empresas do setor almejassem entrar no índice, o que seria favorável à toda atividade.

O ISE

A nova carteira do ISE vigora até o dia 30 de novembro de 2008 e reúne 40 ações emitidas por 32 empresas, que totalizam R$ 927 bilhões de valor de mercado. Esse montante corresponde a 39,6% da capitalização total da Bovespa, que atualmente é de R$ 2,3 trilhões.

As participantes da nova carteira do ISE foram selecionadas dentre as 62 empresas que responderam ao questionário desenvolvido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVCes) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP) e enviado às 137 companhias emissoras das 150 ações mais líquidas da Bovespa.

Conceito e metodologia

O ISE, criado em dezembro de 2005, foi formulado com base no conceito internacional Triple Botton Line (TBL) que avalia, de forma integrada, elementos ambientais, sociais e econômico-financeiros. Aos princípios do TBL, foram adicionados outros três indicadores: governança corporativa, características gerais e natureza do produto.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Programa de recuperação de matas ciliares da Bunge já plantou 12 mil mudas em SC

A Bunge Alimentos mantém desde 2005 um programa de recuperação da vegetação de florestas ciliares na região da Bacia do Vale de Itajaí (SC). Batizada de Programa de Recuperação Ambiental (PRA), a iniciativa é realizada em parceria com a Universidade Regional de Blumenau, por meio do IPA – Instituto de Pesquisas Ambientais -, bem como também conta com participação de comunidades locais.

Entre os principais objetivos da ação, destacam-se a recuperação de áreas degradadas às margens do Rio Itajaí-Açu e seus efluentes, além de pesquisa de técnicas de recuperação de ambientes fluviais mais eficientes e menos onerosos para estimular a recuperação dessas áreas.

O projeto inclui um viveiro para a produção de até 100 mil espécies nativas por ano. Para abastecer a produção de mudas, em 2006, foram coletadas 572.539 sementes e geminadas 58.550. Foram doadas mais de 18 mil mudas e plantadas mais de 12 mil. De uma área total de 101.575 m², 45.075 m² foram destinados à plantação e 12.225 m² para pesquisa.

Para a recuperação das matas ciliares, são desenvolvidas atividades de capacitação de professores, produtores rurais e comunidade, totalizando cerca de 2.500 pessoas só no ano de 2006. Dessas ações, resultaram projetos escolares, desenvolvidos pelos professores.

A Bunge pretende encerrar 2007 com algumas metas do projeto alcançadas, tais como: diversificar o banco genético das espécies, atingir o número de 150 matrizes para as 30 espécies atuais, aumentar o aproveitamento de sementes coletadas de 9% para 25%, elevar a produção de mudas e o plantio, inaugurar uma nova unidade de pesquisa (de três para quatro) e firmar até 12 parcerias, entre outras ações.

Selo vai certificar socioambientalmente a produção rural brasileira

Foi lançado na semana passada na cidade de Marianópolis (TO), o selo Origine, destinado à certificar socioambientalmente a produção rural brasileira. O certificado será concedido para propriedades legalizadas e adequadas a procedimentos padronizados nos cuidados sanitários, no manejo alimentar e no controle de qualidade genética.

Segundo nota da "Agência Brasil", o idealizador do selo, o pecuarista Júlio Resende, acredita que além de melhorar a qualidade dos produtos agropecuários, a iniciativa vai ampliar as possibilidades de mercado. "O Origine é um selo que tem preocupações sociais e ambientais com uma âncora econômica. Ele vem estimular a multifuncionalidade das fazendas, para que elas conheçam e potencializem novas oportunidades de negócio", diz.

Outros benefícios para os produtores que receberão o selo, segundo Resende, serão a modernização das práticas rurais e a melhoria no armazenamento de dados. "O [produtor que tiver o certificado] selo vai conectar via satélite todas as fazendas participantes para que compartilhem informações. Isso também vai proporcionar mais visibilidade para a produção brasileira no exterior", explica.

Um dos pilares defendidos pelo criador do selo é a produção com responsabilidade ambiental. "O Origine vai estabelecer um modelo de produção baseado na gestão dos recursos naturais e na conservação da biodiversidade. A idéia é promover a sensibilização de todos os envolvidos para desenvolver alternativas econômicas sustentáveis por meio de melhores práticas de manejo para fauna e flora", destaca.

Para demonstrar as características necessárias para a certificação, uma fazenda modelo foi criada em Marianópolis. A propriedade rural, voltada para atividades pecuárias, servirá como modelo do desenvolvimento de práticas do projeto.

De acordo com Resende, as instalações da fazenda têm recebido adaptações desde o ano 2000 para orientar os interessados em adquirir o selo. Ele informa ainda que vários laboratórios de pesquisa já estão em funcionamento na propriedade, que recebeu cerca de 15 milhões de euros em investimentos.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Congresso em Cuiabá destaca força da comunicação para expressão da responsabilidade socioambiental do agronegócio

Cuiabá sedia na próxima semana, dias 22 e 23 de novembro, o EcoCentroOeste, que irá destacar a força da comunicação para expressão da responsabilidade socioambiental, especialmente no agronegócio.

Organizado pela Ambiente Global – Comunicação, Eventos & Sustentabilidade, o evento, voltado para profissionais ligados à comunicação e meio ambiente, tem como objetivo dar a seus participantes uma visão global sobre o tema, abrangendo desde o gerenciamento interno das informações, até a adequação de publicações para o público externo.

Segundo ressalta Beth Fernandes, consultora e responsável pela programação do congresso, "para que não restem dúvidas sobre o papel da comunicação na implantação de políticas de desenvolvimento sustentável, nenhuma política terá sucesso se não for fundamentada no relacionamento, no conhecimento e atendimento das expectativas de todas as partes interessadas”.

“O Centro-Oeste é talvez a região que mais se desenvolve hoje no Brasil, está no foco das atenções devido ao aquecimento do agronegócio, inclusive com o advento dos biocombustíveis”, acrescenta Fernandes.

A programação prevê painéis sobre as normas ISO 26000 (guia de diretrizes de Responsabilidade Social, que está sendo redigida por um comitê formado por mais de 70 países, e tem como presidente um brasileiro, Jorge Cajazeira), e a ISO 14063 (voltada especificamente para os princípios que devem reger a comunicação ambiental, publicada em 2006).

* Para mais informações: www.ambienteglobal.com.br

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Fundação Monsanto investe US$ 581 mil em novas ações ambientais

A Fundação Monsanto disponibilizou US$ 420 mil para o Earthwatch Institute, organização voluntária internacional que apóia a pesquisa científica e oferece ao público em geral oportunidades de trabalhar junto a grandes cientistas e pesquisadores de campo.

Já outro aporte, desta vez de US$ 161 mil foi para o Fundo para Conservação da Onça-Pintada, entidade parceira da empresa que, em 2006, já havia recebido US$ 83 mil para o início do trabalho de pesquisa e preservação da onça-pintada, uma das espécies de carnívoros mais ameaçadas de extinção no País.

Fonte: Cultivar

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Aliança BioCerrado vai atuar pela sintonia entre conservação e atividades produtivas no Cerrado brasileiro

Foi lançada no dia 31 de outubro, em São Paulo, a Aliança BioCerrado, iniciativa das ONGs Conservação Internacional e Oréades com a Bunge. A Aliança nasce com a proposta de atuar na conservação do Cerrado brasileiro por meio da adoção de boas práticas de uso sustentável dos recursos naturais do bioma. Segundo os parceiros, o trabalho será desenvolvido via projetos de campo que integrem a conservação a atividades produtivas.

O objetivo será implementar um programa de atividades coordenadas para conservar a biodiversidade, garantir a manutenção e resgatar os serviços ambientais, além de promover padrões de sustentabilidade ambiental para os negócios no Cerrado.

Cerrado

Considerada a savana tropical mais rica do mundo, com até 12 mil espécies de plantas, o Cerrado é também a principal região agrícola do País, concentrando 35% da produção nacional. A extensa transformação do bioma para atividades produtivas, no entanto, fez com que poucas paisagens se mantivessem intocadas. Mais de 55% da área original do Cerrado já foi desmatada e somente 5,5% de seus remanescentes estão sob algum tipo de proteção.

“Qualquer estratégia de conservação da biodiversidade e dos recursos naturais deve, necessariamente, envolver os proprietários rurais e empresas do setor privado que atuam na região, já que as áreas protegidas públicas não são suficientes para conservar os hábitats remanescentes”, destaca o diretor do Programa Cerrado-Pantanal da CI-Brasil, Ricardo Bomfim Machado.

Para Renato Moreira, da Oréades, a parceria da ONG com empresas do agronegócio credita as ações que buscam sustentabilidade perante os produtores rurais, os quais são fundamentais para manter em boa qualidade os recursos naturais do Cerrado.

Conheça as vantagens de trabalhar em empresas socialmente responsáveis

É certo que, se pudessem sempre escolher onde trabalhar, as pessoas optariam pelas empresas com gestão sustentável e que implementam ações de responsabilidade social. Porém, você realmente conhece o motivo que faz dessas companhias lugares melhores para se trabalhar?

Segundo a responsável pela comunicação da consultoria Apoena Social, Raquel Sabrina, o público interno é o primeiro a ser beneficiado pela mentalidade "responsável" do empregador, principalmente no que se refere ao desenvolvimento profissional e humano.

A empresa que preza pela sustentabilidade costuma ter, entre suas regras de atuação, o respeito pelas leis trabalhistas, pelos funcionários e suas famílias, pela comunidade na qual está inserida, por clientes, fornecedores e pelo meio ambiente.

Marca

Na avaliação da sócia da consultoria Apoena Social e professora da ESPM Andrea Goldschmidt, vale a pena trabalhar em empresas socialmente responsáveis por causa da marca mesmo. "A imagem dessas companhias costuma ser positiva, graças ao respeito ao ser humano, o que acaba favorecendo a carreira do profissional", explica.

Durante um evento sobre responsabilidade social realizado pela Apoena Social para a imprensa, no dia 30 de outubro, em São Paulo, Andrea citou um caso que presenciou ao longo de sua experiência com empresas e enfatizou que existe a contrapartida: pessoas que se recusam a trabalhar em determinadas empresas, ou porque não concordam com a filosofia da corporação ou não querem ter o currículo "manchado", por conta do ramo de atuação.

* Com informações do InfoMoney

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A força das marcas éticas

por Ricardo Voltolini *

Pesquisa do Ipsos oferece uma boa pista sobre a razão do aumento de interesse de empresas pela inserção da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) na propaganda de marca. Feito sob encomenda do CIESP, o estudo denominado "Indústria e Empresários na Opinião da Sociedade", com amostragem de mil pessoas em 70 municípios, indica que quatro entre dez brasileiros consideram a responsabilidade social como o "mais importante papel" do empresário, à frente até do item "Investir no Brasil."

Em relação à edição de 2006 da mesma pesquisa, houve uma interessante, e até certo ponto inusitada, troca de posições nos dois primeiros lugares ("Investir no Brasil" caiu de 40% para 33%, RSE subiu de 37% para 40%) para a qual pode-se formar uma conclusão e arriscar possíveis explicações.

A conclusão, inequívoca, reforça resultados de outros recentes estudos e também a impressão de quem trabalha com o tema: especialmente nos dois últimos anos, a RSE começou a sair do círculo de especialistas, como se fosse uma seita de iniciados, deixou de ser assunto aleatório na percepção do brasileiro e se transformou, de fato, em uma preocupação - aqui, claro, caberia relativizar o nível de entendimento do entrevistado sobre a matéria; mas ainda que seja superficial, reagir positivamente a ela em uma pesquisa de opinião pública demonstra, no mínimo, familiaridade com o termo e com as idéias que comporta.

Entre as possíveis explicações - já que o estudo não permite afirmá-las - pode estar a crescente sensibilização para o risco das "mudanças climáticas", a superexposição do tema na imprensa e a sua associação imediata com empresas e empresários. Não é descabido questionar ainda as supostas diferenças ou limites conceituais entre os dois itens que se alternaram nas duas primeiras respostas da pesquisa Ipsos --afinal, constitui, em si, ato de responsabilidade social empresarial investir em um país no qual o desemprego impõe-se como grave problema social e um entrave ao bem-estar e desenvolvimento.

Mas para o objetivo desta análise, basta constatar: a RSE grudou no imaginário coletivo como um valor importante associado à melhoria da qualidade de vida das pessoas, do país e do Planeta. É essa condição indiscutível que explica o seu uso como novo elemento de reforço de marca -vide os casos de Natura, Itaú e Bradesco e também o de corporações que apostam no mesmo tipo de posicionamento como o banco Real, a Petrobrás e O Boticário, para ficar em algumas.

O crescente grau de importância pública atribuído ao tema está também na origem da grande campanha da Coca-Cola, pela qual a companhia se compromete a repassar a projetos sociais dois centavos de cada produto vendido ao longo de uma semana.

E explica ainda o aumento visível, principalmente nos últimos seis meses, na publicação de anúncios institucionais, isto é, de propaganda que não vende produtos mas idéias (respeito ao meio ambiente, felicidade, relação com uma causa de interesse público, saúde, estímulo à diversidade, apreço pela cultura do país) com as quais a empresa deseja ser percebida junto aos seus consumidores e à sociedade.

Esse é um movimento bastante recente no Brasil. Em 2003, o mesmo Ipsos identificou que, apesar da receptividade do consumidor brasileiro ao envolvimento das marcas com causas sociais, 47% das empresas pesquisadas - todas elas com histórico de investimento social privado - alegavam não fazer propaganda por temerem ser consideradas oportunistas.

Na verdade, há quatro anos, ou elas não estavam plenamente convencidas da consistência de suas práticas sócioambientais e receavam expor fragilidades ou preferiam, por falta de experiência, não se arriscar a subir o que julgavam ser uma "ladeira escorregadia", para usar expressão de um importante executivo. Nem tão escorregadia assim, como já comprovava outro estudo do Ipsos, de 2005. Segundo a pesquisa, 91% dos entrevistados afirmavam ser "favoráveis" à comunicação do investimento social privado.

Este novo comportamento tem exercido influência cada vez maior no modo como se constroem as marcas. E - tudo indica - será decisivo nos próximos anos. As empresas já estão reagindo ás evidências de que a RSE corresponde a um dos mais importantes ativos intangíveis dos novos tempos.

No desafio de branding, os benefícios racionais e emocionais -que um dia foram suficientes para criar e fortalecer marcas - já não conseguem mais, sozinhos, gerar distinção. As marcas terão de se alimentar a partir de agora de nutrientes éticos e espirituais: cada vez mais os consumidores vão querer se abrigar em marcas mais humanas, sensíveis e compromissadas que acreditam, pensam e agem como eles.

* Diretor de redação da revista IdéiaSocial e consultor da Ofício Social

Fonte: Aberje

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Iniciativa da Bunge é exemplo de diálogo do agronegócio com o meio urbano

Mesmo após o término da exposição Planeta Sustentável, encerrada domingo (13), no espaço da Bienal no Parque do Ibirapuera, em São Paulo (SP), este blog compreende que é importante para sua missão comentar o evento.

Especialmente, porque se tratou de uma iniciativa patrocinada pela Bunge, talvez a empresa ligada ao agronegócio, que melhor se comunica, entende a comunicação como estratégica para o negócio, em especial, no tocante à disseminação de ações socioambientais.

O Planeta Sustentável, que contou com a parceria do Banco Real, CPFL e Editora Abril, e apoio da Prefeitura de São Paulo, apresentou oficinas, palestras e atividades práticas, que tiveram como objetivo ampliar a consciência dos brasileiros de todas as idades sobre o pensamento ecológico, econômico e social e, principalmente, fomentar a prática desse conhecimento adquirido.

O registro a este esforço vale pelo fato que se trata de um exemplo de "diálogo" de um agente do agronegócio, mesmo que não seja o "elo" dos produtores rurais, com a população urbana.

Esta ponte "rural-cidades", para o AgroResponsável, é o maior desafio do agronegócio. Abrir canais de comunicação com as cidades, que expressem a realidade do agro brasileiro e sua busca por processos e produtos sustentáveis, é o passo inicial para que o agronegócio interprete a visão que o "urbano" tem dele.

Com esse entendimento, o agro poderá desenvolver ações de comunicação / relacionamento que atuem na percepção de quem vive nas grandes cidades.

O resultado? Melhora no capital reputacional do agronegócio, por meio da aproximação entre sua identidade e imagem, frente a um de seus principais públicos estratégicos, a população das cidades. Público este que é o extrato usado pela mídia como voz da Opinião Pública, mais uma vez este "ser imaginário", que baliza as decisões de políticas públicas e de negócios. Que seja seguido este exemplo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Produtor rural lê jornais, mas não toma decisões com base neles

O produtor rural lê jornais, mas não costuma tomar decisões com base neles, diferentemente de outros atores da cadeia produtiva do agronegócio, como, por exemplo, fornecedores, beneficiadores, distribuidores, que balizam suas decisões, de acordo com informações publicadas na mídia.

Foi o que destacou o jornalista Carlos Raices na palestra "O Jornalismo no Agronegócio", durante seminário do programa de agronegócios PENSA-USP, realizado dia 28 de setembro, na Faculdade de Economia e Administração da Universidade, na cidade de São Paulo. Raices tem extensa trajetória na cobertura jornalística do agronegócio e atualmente é diretor-adjunto de Projetos Editoriais do jornal "Valor Econômico".

Segundo ele, que usou como base de dados a pesquisa "O papel do jornal impresso para a informação do agente do agronegócio", elaborada pela jornalista do Cepea, Ana Paula da Silva, os produtores têm interesse em notícias relacionadas a mercado e comercialização, tecnologia, políticas públicas e meio ambiente, respectivamente.

De acordo com Raices, em termos de fontes de informação consultadas pelos produtores, o estudo aponta a Internet, o contato pessoal, revistas, jornais e rádio, também pela ordem.

O jornalista ressaltou que os assuntos com maior apelo na mídia que cobre o agronegócio daqui para frente serão agroenergia, sustentabilidade, créditos de carbono, meio ambiente, transgênicos, sanidade, rastreabilidade, negociações internacionais, relação com os consumidores, entre outros.

Na avaliação de Raices, o jornalismo impresso dedicado ao agronegócio, assim como o jornalismo impresso em geral, precisa se reinventar. Isso porque, no caso do agro, os jornais não poderão, mais, por exemplo, ficar dando cotações - papel esse que cabe e caberá a Internet.

O futuro, frisou Raices, passa pelo jornalismo impresso que trace cenários, aponte tendências, a partir do entendimento do presente. De acordo com o jornalista, as matérias nos jornais terão que ser mais profundas, didáticas, que promovam diálogo com os leitores.

Para Raices, o diferencial para a mídia rural do interior do País está na regionalização da cobertura jornalística. "Eles precisam parar de querer imitar os veículos de comunicação dos grandes centros."

sábado, 6 de outubro de 2007

Agronegócio irá perder espaço na mídia como é hoje

O agronegócio irá perder espaço na grande mídia na forma como é hoje. A previsão é do jornalista Carlos Raices, que ministrou a palestra "O Jornalismo no Agronegócio", dia 28 de setembro, durante seminário do programa de agronegócios PENSA-USP, realizado na Faculdade de Economia e Administração da Universidade, na cidade de São Paulo.

Raices tem extensa trajetória na cobertura jornalística do agronegócio. Foi repórter e editor assistente na Gazeta Mercantil, editor e apresentador dos programas Agrojornal e Diário Rural da TV Bandeirantes, participou da organização do Canal Rural, onde foi editor e comentarista de mercados, além de também ter exercido o cargo de editor na revista AméricaEconomia e no caderno de agronegócios do Valor Econômico, onde hoje é diretor-adjunto de Projetos Editoriais.

Segundo ele, a tendência é que os jornais eliminem os espaços pré-definidos para as editorias de agronegócio. O que não quer dizer, disse, que o setor irá sumir do noticiário, mas sim que a cobertura será diferente.

De acordo com Raices, o que será notícia no agronegócio daqui para frente serão matérias que apresentem o agro em um contexto intersetorial, ou seja, que mostrem os impactos, benefícios, vantagens do setor para outros públicos, especialmente, para o consumidor que vive nas grandes cidades.

Serão reportagens que mostrem, por exemplo, a influência da entressafra no preço pago pela carne nos açougues e supermercados e não mais se restringindo somente a dados que mostrem o crescimento do rebanho ou das exportações. Ou ainda, matérias que tratem dos benefícios econômicos do etanol para o bolso do motorista ou as vantagens do combustível no combate à emissão de poluentes.

Isso irá acontecer, explicou o jornalista, porque a mídia em geral ainda vê o agronegócio com olhos urbanos. Logo, ressaltou que o setor precisa primeiro compreender como a sociedade urbana o enxerga a fim de calibrar o "diálogo" e adiante promover conhecimento, que seja capaz de influenciar a percepção da população das grandes cidades.

Para Raices, o processo de abertura de capital de empresas do agronegócio é muito bem-vindo. Na avaliação do jornalista, a participação de companhias do setor nas bolsas exige delas o cumprimento de uma série de requisitos de governança corporativa, o que é favorável à gestão da atividade em si e à imagem do agro como um todo.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Erros e acertos do agronegócio em responsabilidade social

O grupo Marfrig, um dos maiores frigoríficos do País, com forte expansão internacional nos últimos meses, desenvolveu recentemente duas ações intituladas pela empresa como de responsabilidade social.

Na primeira, o Marfrig doou, durante a Expoinel em Uberaba (MG), uma tonelada de carne a 16 instituições de ensino e beneficentes da cidade. A iniciativa fez parte do projeto "Nelore Solidário", realização da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB).

O Marfrig também entregou 70 quilos de carnes para a merenda escolar de cada instituição. As escolas fazem parte do “Programa Saúde Brasil”, iniciativa da Embrapa Pecuária Sudeste, ACNB e Tortuga. Em 2006, de acordo com o frigorífico, o projeto beneficiou mais de 1,3 mil crianças. Este ano, a previsão é de aproximadamente 1,5 mil crianças.

Doar é um gesto nobre. Mas será que doar algo apenas em um período determinado do ano é um esforço que possa receber o título de responsabilidade social? Acredito que não. Está mais para filantropia. Responsabilidade social é muito mais que isso. Não dá para capitalizar uma imagem "responsável" em cima de uma ação assim. Responsabilidade social corporativa é investir no desenvolvimento do ser humano que pertence ao entorno social das atividades da empresa.

É ser ético em todos os níveis de relacionamento, a começar internamente. É, acima de tudo, desenvolver, com as comunidades adjacentes ao seu negócio, projetos que gerem frutos. Como que ficam os alunos no restante do ano? Este blog não está dizendo que a doação deva ser feita ininterruptamente ou que seja suspensa. Porém, este tipo de programa não pode ganhar o rótulo de responsabilidade social. É, no máximo, marketing social.

Falamos do erro. Vamos agora ao acerto. O Marfrig está apoiando o “Congresso Empresa e Comunidade - Compromisso pela Sustentabilidade Ambiental e Social do Mato Grosso do Sul”, que ocorre entre hoje e quinta, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande (MS).

De acordo com o Marfrig, a iniciativa envolve a apresentação para as empresas e a sociedade sul-mato-grossense de exemplos de iniciativas que servem de referência na esfera da responsabilidade empresarial socioambiental, podendo, assim, ser utilizadas como referência por outras organizações.

“Há ações de voluntariado e práticas de comportamento ambiental e social exemplares em Mato Grosso do Sul. Mas ainda persistem dificuldades de financiamento para essas iniciativas”, sinaliza Eliane Brunet, secretária executiva do evento. “O Congresso Empresa e Comunidade foi criado exatamente para institucionalizar o investimento social privado e conseguir níveis de sustentabilidade adequados a projetos em todo o estado”, complementa. Mais substancial, certo?

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Agronegócio peca em não estabelecer diálogo com a população urbana

Uma instalação multimídia-sensorial alocada no shopping Penha na cidade de São Paulo reproduz aos visitantes as mudanças climáticas, que estão acontecendo no planeta. Batizado de túnel sensorial, o ambiente tem cinco etapas. Em cada uma delas, o visitante tem a oportunidade de sentir os efeitos, que as alterações na atmosfera podem trazer ao planeta, aguçados pelo olfato, visão, audição e tato.

O primeiro módulo é reservado à temática da emissão urbana de poluentes, destacando escapamentos e chaminés. Neste percurso, o público sentirá cheiros, sons e verá imagens desses elementos. No segundo, a sensação de calor intenso simula a emissão de gás carbônico proveniente das queimadas.

As enchentes são representadas no terceiro módulo. Por meio de colchões de ar, o visitante terá a impressão de caminhar em inundações. O quarto módulo é reservado às secas e desertificações e no quinto estão os furacões representados por fortes ventos. A iniciativa é uma parceria do shopping com o Greenpeace.

Mais uma vez este blog observa que são ações desta natureza, que faltam ao agronegócio no que diz respeito à expressão de sua responsabilidade socioambiental. Falta ao setor estabelecer diálogo com a população dos grandes centros, camada que é invariavelmente usada pela mídia e vista pelos públicos estratégicos como o retrato da Opinião Pública.

Não estamos fazendo juízo de valor do conteúdo da iniciativa do túnel sensorial. Este não é o desafio deste blog. O que queremos dizer é que o agronegócio não compreendeu ainda que, assim como fazem seus públicos antagonistas, ele precisa estabelecer canais de comunicação com a sociedade urbana, a fim de gerar melhor conhecimento de sua realidade, esclarecer mitos e obviamente também aprender, com objetivo de trabalhar sua imagem e reputação.

Outro exemplo? O MST promove no início de outubro, também em São Paulo, dois dias de seminário sobre a questão agrária no Brasil. O evento é dedicado a quem? A jornalistas, comunicadores, estudantes e não a membros do movimento.

Com isso, o MST passará suas mensagens-chave, onde novamente ressaltamos que este blog não faz juízo de valor acerca do teor e sim trata de ações de comunicação sobre responsabilidade socioambiental no agronegócio, a um perfil de público, que se tornará disseminador.

Certamente, um passo à frente do agronegócio, que ainda direciona seu discurso muito ao 'próprio umbigo', sem uma comunicação sistemática, com demais públicos estratégicos.

Cosan se compromete a reduzir a queima da palha de cana-de-açúcar

O Grupo Cosan, um dos maiores produtores de açúcar e álcool do país, assinou Protocolo de Cooperação Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento e União da Indústria de Cana-de-Açúcar do Estado de São Paulo (Unica).

Pelo acordo, a Cosan se compromete a eliminar a queima da palha da cana-de-açúcar, nas áreas mecanizáveis, até 2014. Além disso, se obriga também a não utilizar a queima em 70% da cana-de-açúcar, dessas áreas, até 2010. A legislação atual prevê o fim da queima em 2021.

Já nas áreas não mecanizáveis, com declividade acima de 12%, o compromisso prevê o fim da queima da palha da cana-de-açúcar para 2017. Mas, até 2010, em 30% dessa área já não poderá ser realizada a queima. Pela legislação atual, nessas áreas, a queima pode ser feita até 2031.

O convênio estabelece também que a prática da queima da palha da cana-de-açúcar não irá ocorrer nas áreas de expansão de canaviais plantados a partir de 1º de novembro deste ano.

O protocolo prevê ainda a recuperação da vegetação no entorno das nascentes de água, a proteção das áreas de mata ciliar, a implementação de Planos Técnicos de Conservação do Solo e de Recursos Hídricos, bem como a adoção de boas práticas para descarte de embalagens vazias de agrotóxicos, destinadas a minimizar a poluição atmosférica de processos industriais e otimizar a reciclagem e o reuso adequado dos resíduos gerados na produção de açúcar e etanol.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Sustentabilidade: O Atributo Tangível

* José Carlos Pedreira de Freitasi é engenheiro agrônomo dedicado ao estudo da sustentabilidade no agronegócio e iretor da HECTA - Desenvolvimento Empresarial nos Agronegócios

A participação no comércio internacional quanto na busca de um modelo de desenvolvimento importância crescente da sustentabilidade do agronegócio, tanto na ampliação de nossa agrícola mais includente, tem sido objeto de alguns de nossos artigos.

Num primeiro momento abordamos a ética e a responsabilidade social nos agronegócios, mostrando não se tratar de modismo ou oportunismo, mas um diferencial capaz de conferir vantagens competitivas reais num mercado cada vez mais concorrido e globalizado.

Numa perspectiva estratégica, confrontando-se os conceitos da Economia Neoclássica com a chamada Ecoeconomia, um segundo artigo procurou demonstrar as limitações dos mecanismos de mercado para evitar sozinho os males do crescimento econômico desigual e as consequências daí resultantes.

Em seguida, passou-se a discutir os atributos de sustentabilidade emanados do chamado Triple Bottom Line, em seus componentes ambiental, social e econômico, levados ao contexto das chamadas cadeias produtivas que compõem o agronegócio.


Ultimamente, aprofunda-se a discussão da sustentabilidade sócio-ambiental como ferramenta de redução de riscos e agregação de valor. Vale a pena nos determos sobre essa questão, sempre sob a ótica de empresas e processos relativos aos agronegócios.

Lembrando Altieri (1983) para quem Sustentabilidade Agrícola é a “capacidade de um agroecossistema de manter a produção através do tempo na presença de repetidas restrições ecológicas e pressões socioeconômicas”, trata-se de identificar e medir a presença dos atributos de sustentabilidade em cada um dos três campos do Triple Bottom Line (pessoas, meio ambiente e produtividade do capital).

Para isso são utilizados “indicadores” que, além de aferir a ocorrência desses atributos nos contextos social, ambiental e econômico, devem fazê-lo no âmbito de toda a cadeia produtiva. Requer-se desses indicadores que sejam capazes não apenas de “identificar” a existência desses atributos, mas também “aferir” a intensidade dessa ocorrência.

É aqui que se observa certa desinformação no que se refere a escolha dos indicadores mais adequados. Não só quanto a capacidade de refletirem adequadamente a presença e intensidade desses atributos nos três âmbitos e em toda a cadeia, mas principalmente sob o ponto de vista de seu reconhecimento aqui e em qualquer lugar.

Se estamos de acordo que atributos de sustentabilidade só resultam em agregação de valor se adequadamente identificados e medidos, é também verdade que devem ter reconhecimento geral para incorporar credibilidade e expressão econômica.

Contata-se uma enorme variação na escolha desses indicadores, em geral definidos segundo diferentes ênfases e objetivos de cada aplicador. O resultado, como se pode supor, é uma avaliação que serve apenas a determinado grupo de interesses ou objetivos, sem permitir sua “generalização” e consequente expressão universal de valor.

E mais. Dependendo da ênfase atribuída por determinado setor a qualquer um dos componentes (social, ambiental e econômico) - resultante muito mais de pressões externas que de uma visão integrada da sustentabilidade - tem-se observado certo desequilíbrio na escolha desses indicadores. Tal prática acaba por distorcer a análise final da sustentabilidade em seus três componentes, pela adoção de ênfases diferenciadas na abordagem de cada um deles.

Como consequência não são raros esforços desperdiçados de empresas ou setores econômicos a divulgar “relatórios de sustentabilidade” - também chamados relatórios sociais, sócioambientais, de responsabilidade social e outros - elaborados a partir da utilização de indicadores e metodologias próprios e não reconhecidos universalmente.

A não observância dessa universalidade acaba por desacreditar as qualidades alardeadas e, como consequência, não agregam valor ao produto e não incorporam tais atributos ao ativo tangível das organizações.

É preciso ter em conta que diretrizes a serem adotadas e respectivos indicadores devem assegurar, além do rigor em sua aplicação, credibilidade, comparabilidade, periodicidade e legitimidade das informações contidas em tais relatórios.

Tomando em conta o caráter não compulsório das iniciativas de normatização voltadas às questões de sustentabilidade e responsabilidade social corporativa, são inúmeras as alternativas de diretrizes e metodologias que podem ser adotadas, que devem ser escolhidas segundo as características de cada caso a ser reportado.

Apenas para ilustrar, dentre as disponíveis com padrão internacional vale lembrar a AA 1000/AA, desenvolvida pelo ISEA, Institute of Social and Ethical Accountability; a SA 8000, mais conhecida entre nós; e a Global Reporting Initiative – GRI, essa última de caráter mais abrangente e reconhecida como a única aceita internacionalmente para padrão de relatórios de sustentabilidade.

Adotando padrões nacionais mas guardando certa correspondência com os padrões internacionais vale destacar os Indicadores e Guia para Relatório Social do Instituto Ethos, e o Balanço Social do Ibase lançado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, em junho de 1997.

Utilizadas de maneira voluntária por empresas ou instituições que desejam elaborar relatórios acerca das dimensões econômica, social e ambiental de seus processos, produtos e serviços, tais diretrizes, por sua universalidade, conseguem expressar valores entendidos e reconhecidos em qualquer ambiente ou contexto.

Só a adequada escolha da metodologia será capaz de assegurar a utilização de indicadores corretos, capazes de expressar e medir a presença dos atributos de sustentabilidade nos três contextos e serem reconhecidos como tal.

Agrega-se a isso a necessária validação dos resultados alcançados, realizada por terceiros de competências especiais e reconhecimento interno e externo, em geral detentores de credencias específicas.

Tais cuidados é que permitirão tornar tangíveis tais atributos, incorporando efetivamente aos ativos todo o investimento realizado na adoção e prática dos conceitos de sustentabilidade pelas empresas, com expressivos ganhos aos acionistas, stakeholders e toda a sociedade.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Monsanto investe em educação ambiental

Em parceria com a ONG Inmed Brasil, a Monsanto desenvolve em comunidades vizinhas às suas unidades nas cidades de Uberlândia e Capinópolis (MG), Sorriso (MT), Santa Helena de Goiás, Morrinhos (GO), Camaçari e Dias D’Ávila (BA) projeto de disseminação de noções de práticas de sustentabilidade ambiental. Para isso, promove workshops, com professores, diretores de escolas, coordenadores pedagógicos e horteiros.

Segundo Joyce Capelli, diretora executiva da Inmed, no treinamento, iniciado em Uberlândia (MG), os participantes receberam formação sobre meio ambiente e sustentabilidade e, durante o módulo de atividades, assistiram a palestras e dinâmicas sobre educação ambiental, aquecimento global, reciclagem e sobre como realizar ações educativas em escolas e na comunidade.

“O workshop orienta e organiza ações concretas para que as escolas tenham uma atuação prática, direcionada a sérios problemas que enfrentamos atualmente como aquecimento global, necessidade de reciclagem e preservação de recursos naturais”.

“Buscamos, com essa ação, seguir o princípio da Monsanto, de investir em práticas conservacionistas”, completa Cristina Rappa, gerente de Comunicação e Responsabilidade Social da Monsanto.

Horta Brasil

Desde 2004, a Monsanto desenvolve ainda com a Inmed, em Uberlândia, o projeto Hortal Brasil, que tem como objetivo realizar o plantio de hortas em escolas públicas de ensino infantil e fundamental e comunitárias.

“Desenvolvemos manuais de orientações sobre hortas e valores nutricionais, que são distribuídos a educadores e alunos, e, além disso, avaliamos a qualidade nutricional das merendas escolares, normalmente a principal fonte de alimentos de muitas das crianças que participam do projeto, incentivando, também, os pais ou responsáveis a cultivarem hortas em suas comunidades”, esclarece Capelli.

O primeiro passo do programa, segundo ela, é realizar exames biomédicos nos alunos, para detectar o índice de parasitose, anemia e estado nutricional (exames de fezes, sangue e medida de peso e altura respectivamente).

Feito o mapeamento, as crianças que precisam são tratadas e os técnicos da Inmed Brasil promovem encontros de formação para educadores, merendeiras das escolas e membros da comunidade, nas quais são passadas noções básicas de nutrição, montagem da horta e o plantio de legumes e verduras, além de dar dicas de receitas e práticas de higiene na cozinha.

* Com informações do boletim eletrônico "Monsanto em Campo"

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Entidades lançam o Instituto do Agronegócio Responsável

Preocupadas com os impactos das questões socioambientais no universo do agronegócio, diversas entidades do setor rural se uniram para criar o Ares (Instituto do Agronegócio Responsável), que foi lançado no dia 04 de setembro em São Paulo (SP). A criação do Ares foi antecipada por este blog no dia 05 de junho.

O Ares nasce com a missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável, dando ênfase às atividades agropecuária e agroindustrial brasileiras por meio da geração e difusão de conhecimento e estruturação de canais permanentes de diálogo com os setores público, privado, além de organizações não governamentais e demais interessados em “sustentabilidade”.

O Instituto é formado pelos conselhos deliberativo, consultivo e fiscal. Quem preside o conselho deliberativo do instituto é o presidente da Abag e Abiove, Carlo Lovatelli. Os vice-presidentes são Assuero Veronez (CNA) e Antonio Jorge Camardelli (Abiec) e os membros Cesário Ramalho da Silva (presidente da SRB -), Christian Lohbauer (Abef), Márcio Lopes de Freitas (OCB), Marcos Jank (Unica), Cristiano Walter Simon (Andef) e Rodrigo Lima (Ícone).

O conselho consultivo tem como presidente Roberto Waack (Amata Brasil) e os membros ainda serão definidos. O conselho fiscal é presidido pela diretora da Abag e da Abag de Ribeirão Preto, Mônika Bergamashi e os membros são Marcelo Vieira (Brazilian Specialty Coffee) e Glauber Silveira (Aprosoja).

Para Carlo Lovatelli o empresariado brasileiro sempre respondeu de forma reativa aos problemas do agronegócio e agora, com a criação do Ares, “é hora de reagir.” O trabalho do instituto, que vem sendo desenvolvido há sete meses, mostrou em pesquisas que existem dez áreas do agronegócio brasileiro que têm problemas de sustentabilidade a serem resolvidos, mas inicialmente três foram escolhidas.

“As cadeias produtivas da cana-de-açúcar, carne e soja foram escolhidas em um primeiro momento porque registram demandas pontuais muito fortes à medida que sustentam um crescimento expressivo nas exportações e se tornam alvos de crítica do protecionismo internacional”, informa Lovatelli.

O Ares será mantido por associados fundadores, mantenedores, contribuintes e honorários, somando cerca de 19 entidades importantes do agronegócio brasileiro. São elas: Abag, AbagRP, Abef, Abia, Abiec, Abimilho, Abiove, Abipecs, Abrasem, Anda, Andef, Aprosoja, BSC, CNA, CNPC, Ícone, OCB, SRB e Unica.

Waack explica que o Instituto tem como um dos objetivos principais ampliar o diálogo entre as partes envolvidas no processo de desenvolvimento de um projeto de sustentabilidade e, desta forma, contribuir para a formatação de estratégias para o setor.

"Queremos identificar demandas existentes, pontos críticos e conflitos de interesse envolvendo estes setores e apresentar soluções. Ao mesmo tempo mostrar os pontos positivos do agronegócio brasileiro e rebater as críticas infundadas feitas pelo mercado internacional, trabalhando para que os problemas existentes sejam corrigidos".

A extensa agenda de trabalho do Ares irá priorizar inicialmente os seguintes temas:

1 - Questões trabalhistas e relacionadas à terceirização;

2 - Agricultura familiar, desalojamento econômico e segurança alimentar;

3 - Relacionamento com a Sociedade Civil organizada, ONGs, processos multistakeholders, rastreabilidade , verificação, certificação e selos;

4 - Conversão de ecossistemas;

5 - Impactos ambientais como GMOs, uso de agroquímicos e manejo de pragas , impactos no solo e plantio direto;

6 - Resíduos em alimentos e sanidade animal;

7 – Emissões de gases com efeito estufa , balanço energético e biocombustíveis;

8 – Ordenamento fundiário, legislação ambiental e monitoramento:

9 – Conflitos intra e inter SAGs, integração lavoura-pecuária e adição de valor;

10 – Comércio internacional e sustentabilidade.

"As ações prioritárias destes temas serão feitas por uma agenda positiva identificando pontos críticos e vulneráveis, organização de workshops fechados, implementação de estratégias de comunicação e produção de um estudo que será publicado dentro de dois meses com um glossário de termos da sustentabilidade”, destaca Waack.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O desafio da sustentabilidade no agronegócio

A questão da sustentabilidade no agronegócio ganhou painel exclusivo no 6º Congresso Brasileiro de Agribusiness, realizado dias 27 e 28 de agosto em São Paulo (SP).

O módulo contou com palestra do presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young Silva; moderação de Roberto Waack, do Ares (Instituto para o Agronegócio Responsável); e participação dos debatedores José de Menezes Berenguer Neto (Banco ABN Amro); Ocimar Villela (Amaggi); o diretor de comunicação da Bunge, Adalgiso Teles; e a diretora da Abag, organizadora do evento, e Abag Ribeirão Preto, Mônika Bergamaschi.

Em sua exposição, Young disse que o agronegócio precisa incorporar a dimensão socioambiental ao seu modelo de desenvolvimento. Segundo ele, justamente pela oportunidade de crescimento econômico que tem, o setor também deve ser responsável socialmente e ambientalmente, mudando a visão de curto para longo prazo. Na avaliação de Young, a sustentabilidade prevê olhar para o todo, não para a parte. "O verdadeiro líder sustentável é quem tem visão intersetorial."

Roberto Waack, por sua vez, destacou que sustentabilidade é um processo, não um fim, e passa por:

# diálogo com a sociedade civil, onde as diferenças virão à tona e serão a base para criação de novos modelos de negócios;
# certificação;
# expressão de conhecimento técnico, já que o debate sobre a sustentabilidade ainda é carregado de emoção;
# comunicação da responsabilidade socioambiental do setor.

De acordo com Waack, não existe verdade absoluta sobre a sustentabilidade, acrescentando que a aproximação intersetorial, como a que ocorreu neste evento, é um passo importante para essa busca.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Pesquisa relativa à responsabilidade socioambiental ignora o agronegócio

Levantamento realizado pela empresa de pesquisa de mercado e opinião publica Market Analysis sobre a percepção dos consumidores acerca da participação das empresas brasileiras nas questões relativas à responsabilidade socioambiental ignorou o agronegócio. Ou ao menos "escondeu" o setor sob o guarda-chuva de outro. E isso é problema de imagem.

Se um estudo que procurou analisar a responsabilidade socioambiental corporativa não destacou o agronegócio é sinal que o setor não está sendo percebido como importante. Há um duplo desafio. Primeiro, o básico, de ser visto como relevante. E o segundo, claro, de ser compreendido como sustentável. De todo modo, vamos aos dados da pesquisa.

As empresas do setor químico, centrais nucleares e produtoras de carvão ocupam as três primeiras posições do ranking como prejudiciais ao meio ambiente, registrando 78%, 77% e 74%, respectivamente. Continuando a lista, as petroleiras representam 69% e as mineradoras 67%, com quarta e quinta indicação. O resultado aponta que aproximadamente oito em cada dez brasileiros enxergam as empresas atuantes nesses setores como responsáveis por danos ao ecossistema.

Ainda nas posições de risco estão montadoras de automóveis (61%), empresas de alumínio (53%) e fornecedoras de gás natural (47%), também consideradas peças-chave na degradação do planeta. Na opinião dos brasileiros, o mercado de informática/TI (31%) e financeiro (19%) ocupam os dois últimos postos.

Para Fabián Echegaray, diretor da Market Analysis, em um contexto de alta visibilidade e sensibilidade sobre a questão ambiental e as mudanças climáticas, os consumidores estão amadurecendo as opiniões sobre o assunto.

"Percebe-se que a população está se preocupando em beneficiar, ou não, com seu poder de compra empresas ambientalmente responsáveis, assim como também tolerar - quando não apoiar abertamente -, uma maior intervenção do governo na esfera privada. O objetivo é minimizar prejuízos ambientais, além disso, o fato de uma empresa ou setor ser visto como passivo ambiental ou ter culpa pelo aquecimento global, representa um claro fator de risco", explica Echegaray.

* Para visualizar o ranking completo dos setores clique aqui.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Software promete medir indicadores de responsabilidade social empresarial

A BDO Trevisan, a Itautec e a InfoQuality fecharam parceria que resultou no lançamento de um software que promete medir e avaliar o desempenho de projetos e ações de responsabilidade social nas empresas (RSE).

Batizado de Syscore, o programa, produzido pela InfoQuality, usa técnicas de gerenciamento de informações, que segundo os idealizadores, são capazes de fornecer mapeamentos e gráficos baseados em metas e parâmetros de RSE definidos pela empresa.

De acordo com a InfoQuality, o software também realiza medições para todos os envolvidos nos projetos sociais, integra as iniciativas de RSE à estratégia da organização, bem como oferece ao gestor monitoramento em tempo real do setor ou responsável por qualquer indicador. Além disso, o programa auxilia ainda na elaboração de relatórios de sustentabilidade.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

O líder sustentável deve transformar antagonismo em sinergia

(...) as organizações da sociedade civil precisam deixar de ver as empresas como destruidoras contumazes, as empresas precisam deixar de enxergar nos governos elefantes burocráticos, ineficientes e relapsos, e os governos devem olhar para as organizações da sociedade civil como aliados e não ‘abraçadores’ de árvores ingênuos ou porta-vozes inconvenientes da discórdia. É papel dos líderes em sustentabilidade transformar antagonismo em sinergia.

* Ricardo Voltolini é diretor de redação da revista IdéiaSocial e consultor de Idéia Sustentável

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Sustentabilidade: o valor intangível que vale milhões

* Rogerio Ruschel é diretor executivo do Instituto Brasil Verdade. Presidente da Ruschel & Associados Marketing Ecológico, foi professor universitário por mais de 25 anos, é coordenador do Prêmio Ambiental von Martius, da Câmara Alemã, jornalista e autor dos livros “Guia Ruschel de Ecologia”, "A caminho do desenvolvimento sustentado" e do “Glossário de Informações Ecológicas para Jornalistas”.

Frequentemente ouço empresários dizerem que a busca por sustentabilidade socioambiental por uma empresa atrapalha sua necessária busca por lucro; que meio ambiente atrapalha o desenvolvimento – a chamada “Síndrome do Bush”; que a sustentabilidade socioambiental de uma empresa é um valor intangível que não dá lucro. Estão todos equivocados – e perdendo dinheiro, muito dinheiro.

Na verdade ainda existem pessoas que não dão valor a valores intangíveis. Para situá-los, lembraria o livro “The Business Case for Corporate Citizenship” (Arthur D. Little, 2002), que informa que em 1981 o valor das companhias relacionado a intangíveis era de 17%, e que este valor saltou para impressionantes 71% em 1998 - e deve ser ainda mais elevado neste princípio de Século XXI porque em muitas empresas a marca ou a sua cultura empresarial é seu maior patrimônio.

Intangivel é algo no qual não podemos tocar, como solidariedade, alegria e “o jeito de ser” de uma pessoa. Do ponto de vista da Cultura, a experiência acumulada de valores como esses, impressa no DNA de uma sociedade que constitui uma Nação, é um bem intangível. E isto vale dinheiro? Sim, até mesmo no Brasil: o Ministro Gilberto Gil propôs o tombamento de intangibilidades da cultura brasileira como bens sobre os quais será possivel aplicar legislação de incentivo fiscal, como uma obra de arte, um filme e a publicação de um livro, bens tangíveis, nos quais se pode tocar.

Credibilidade, confiança, honestidade e reputação também são valores intangíveis. Mas podem ser valorados? Sim: a preferência de uma pessoa – no papel de cidadão, eleitor ou consumidor - por uma proposta, um candidato ou empresa que demonstrem ou ofereçam estes valores é fácilmente tangibilizada em números. Alguns exemplos: os quase 100.000 sócios da Fundação SOS Mata Atlântica, os mais de 500.000 votos do Deputado Fernando Gabeira, ou ainda a preferência pela compra de produtos mais caros de uma empresa “conhecida” significam valor econômico.

Ou seja: valores intangíveis podem se transformar facilmente em vantagem competitiva para pessoas e para empresas e o mundo dos negócios oferece exemplos concretos – o mais conhecido é o preço que uma marca pode alcançar, mesmo quando todo mundo sabe que este valor não corresponde a ativos mensuráveis como um equipamento, um prédio ou um caminhão.

A lógica de mercado

Investidores já descobriram isto: ações de empresas com reputação de sustentabilidade socioambiental têm alcançado valorização superior em até 12% em relação às ações de empresas sem este valor intangível. Quem oferece este número é uma comparação da evolução histórica do valor das ações de empresas listadas nos índices DS 400 – Dow Jones Sustainability (sustentáveis) e S&P 500 (convencionais) situada em média, em torno de 6% nos últimos 10 anos – o que também explica a “fila de espera” por empresas brasileiras que desejam participar do ISE da Bovespa.

Outro exemplo? O IFC – International Finance Corporation, braço financeiro do Banco Mundial, ofereceu autonomia ao Banco Real/ABN-AMRO na análise de risco de empréstimos do produto Financiamento Socioambiental IFC a empresas. Certamente além de prestigio, esta exclusividade se transformou em um grande diferencial competitivo, reduzindo custos e permitindo agilidade.

Esta valorização significa também uma vantagem competitiva para as empresas, e um exemplo claro é que as taxas de financiamento dos grandes bancos – e até mesmo do estatal BNDES – têm índices menores para empresas com reputação (e prática) de sustentabilidade socioambiental.

Tudo isto está perfeitamente de acordo com a lógica do mercado, porque emprestar dinheiro para empresas que têm equipamentos modernos (com menor risco de acidentes e multas), funcionários motivados (com menos processos trabalhistas, menor custo de atração e manutenção de talentos) e programas de redução de consumo de energia e matéria-primas (que reduzem custos operacionais) é mais barato.

Investir na intangibilidade dos fornecedores também melhora a tangibilidade dos lucros: como a legislação prevê a co-responsabilidade em relação a problemas apresentados por produtos no mercado, empresas que investem ou incentivam a qualificação socioambiental de seus fornecedores ou clientes também têm vantagens fácilmente contabilizáveis. Isto é óbvio: ao diminuir o risco de meu “sócio na legislação” de oferecer um produto com problemas potenciais de saúde ou segurança, o meu risco também diminui. As montadoras de automóveis, frequentemente obrigadas a fazer recalls que o digam…

Inovação e sustentabilidade

Outro valor que resulta da adoção de políticas de sustentabilidade socioambiental por uma empresa é a inovação. A inovação – que alguns consideram um valor intangível - também é fácilmente tangibilizável e é frequentemente apontada como um dos fatores determinantes da competitividade no atual mundo globalizado. O sucesso de empresas que adotam a inovação como valor corporativo, como as badaladas GE e Apple, é considerado benchmark de mercado.

Mas fiquemos com um exemplo mais próximo e totalmente cartesiano: a Incubadora de Fundos Inovar, criada pela FINEP para estimular a criação de fundos de venture capital no Brasil já possui R$ 600 milhões em 13 fundos, que juntos investiram em cerca de 50 empresas inovadoras. E com que resultados? Em apenas 4 anos a FINEP recebeu mais de tres vezes o valor investido, com uma Taxa Interna de Retorno de 42,68% anuais.

E quando a inovação está “casada” com sustentabilidade socioambiental, o retorno pode ser otimizado. Esta potencialidade tem chamado a atenção de organizações como o Programa New Ventures Brasil, parceria do World Resources Institute com o GVces - Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo e de players de mercado, como o fundo Stratus VC III.

Valores intangiveis – alguns considerados até mesmo “filosóficos” - podem ser dimensionados por ferramentas como os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial ou as Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade GRI G3, da Global Reporting Initiative, e medidos por pesquisas de perfil econômico ou metodologias mais complexas.

A pesquisa “Responsabilidade social das empresas – percepção do consumidor brasileiro”, realizada pelos Institutos e Ethos, é um exemplo de medição. Na Edição 2005, por exemplo, 86% dos entrevistados afirmaram que “seu respeito por uma empresa aumentaria se ela fosse parceira de uma ONG ou instituição de caridade para ajudar a resolver problemas sociais”.

O Balanced Score Card é outro método. Idealizado por Robert S. Kaplan, da Harvard Business Review em 1996, o BSC se propõe a medir valor nas organizações, estabelecendo uma métrica tangibilizável. É complexo por natureza e exige alta qualificação de aplicadores e disciplina da organização.

O valor da sustentabilidade

Valores intangíveis derivados da busca pela sustentabilidade elevam a lucratividade de uma empresa no longo prazo. Algumas pessoas ainda não acreditam nisso, mas superado o período de investimento nos “intangíveis filosóficos” da sustentabilidade, o lucro é líquido e certo.

A mais completa tangibilização de valores intangíveis da sustentabilizada que conheço foi realizada por Bob Willard, ex-vice-presidente da IBM canadense e diretor da The Natural Step naquele país. Publicada no livro “The Sustainability Advantage”, de 2002 e apresentada no Brasil em março de 2005 no seminário “Global Mindchange Forum”, faz uma mensuração dos benefícios de uma empresa ao adotar os principios de sustentabilidade socioambiental: um aumento potencial do lucro de 38% e um pontencial benefício de aumento de produtividade de 8%.

Com a ajuda de profissionais cartesianos das maiores empresas canadenses, Willard contabilizou benefícios em 7 grupos:

# redução dos custos de produção (como energia, água, matérias-primas)

# redução das despesas na administração (como energia e materiais de consumo)

# aumento no rendimento (que pode levar a empresa a diminuir a margem e aumentar o share)

# redução de riscos (que proporciona menores taxas de financiamento e leasing)

# redução do aumento dos custos (desacelera espirais de aumento ao inserir fornecedores no processo)

# redução dos custos de atrito (como multas por infrações ambientais, processos trabalhistas, TACs – Termos de Ajuste de Conduta – e no Brasil, custos para subornar fiscais…)

# e aumento na produtividade dos empregados (baseado em menores custos de captação, manutenção e treinamento e em maiores facilidades em atrair talentos, entre outros)

O livro de Bob Willard não está disponivel em português, mas pode ser conhecido neste site.

Se uma empresa, ao adotar valores intangíveis de sustentabilidade socioambiental tem potencial para aumentar seu valor de mercado em até 12%, seu lucro em até 38% e a produtividade em até 8%, parece claro que valores intangíveis podem realmente ser o bem mais valioso desta empresa. E que quanto mais bonzinho com as pessoas e o meio ambiente for uma empresa, mais lucro ela poderá ter. Você ainda duvida?

Congresso Brasileiro de Agribusiness discute a sustentabilidade no agronegócio

Felizmente, a sustentabilidade está na agenda do agronegócio. Discutir o tema é, ao menos, sinal que o setor começa a dar atenção ao assunto. Na próxima semana, o 6º Congresso Brasileiro de Agribusiness, promovido pela Abag e que será realizado na capital paulista, dedica um painel do seu segundo dia para a questão.

Na terça-feira (28) às 9h, o painel intitulado “Sustentabilidade” terá como palestrante Ricardo Young Silva do Instituto Ethos. O moderador será Roberto Waack (Amata), que está coordenando o Ares (Instituto para o Agronegócio Responsável). Os debatedores serão: José de Menezes Berenguer Neto (Banco ABN Amro), Ocimar Villela (Amaggi), Ricardo Veluttini (Du Pont) e a diretora da Abag e Abag Ribeirão Preto, Mônika Bergamaschi. Para mais informações clique aqui.

Cuiabá sedia congresso sobre responsabilidade social e suas relações com a comunicação focada no agronegócio

A capital do Mato Grosso, Cuiabá, sedia nos dias 22 e 23 de novembro, o ECOCENTROOESTE, Congresso de Comunicação e Responsabilidade Socioambiental. O evento, organizado pela Ambiente Global, com apoio do Sebrae (MT), irá destacar a comunicação no meio rural e as estratégias de relacionamento na cadeia produtiva do agronegócio da região.

Segundo a empresa organizadora, uma comunicação eficiente de riscos ambientais diminui a vulnerabilidade de uma instituição, e no caso inevitável de uma crise, saber administrá-la parte do pressuposto do domínio das informações a serem tratadas. Portanto, se faz cada vez mais necessária a capacitação de profissionais para que se comuniquem (tanto externa, como internamente) de forma clara e segura. Para mais informações clique aqui.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Bunge lança hotsite sobre sustentabilidade

A Bunge é exemplo de empresa do agronegócio que investe em responsabilidade socioambiental. A despeito de correr à boca pequena que a empresa é uma das "controladoras" tanto da ponta inicial da cadeia produtiva do agronegócio, com a venda de insumos, quanto do elo subsequente à produção de dentro das fazendas, comprando dos produtores rurais, a Bunge promove políticas voltadas a disseminar a responsabilidade socioambiental. Deve servir de modelo.

A empresa lançou o hotsite "Sustentabilidade Bunge", com objetivo de facilitar a compreensão do assunto e promover o conhecimento junto ao público interno e externo. Segundo o gerente de comunicação e marketing corporativo da Bunge, Michel Henrique Reis dos Santos, o hotsite traz as políticas, atividades e projetos que a empresa desenvolve no País, no âmbito da responsabilidade socioambiental e desempenho econômico.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Consumidor aplica lei do menor esforço quando o assunto é responsabilidade social

Pesquisa do Instituto GFK Indicator em parceria com a "Revista Consumidor Moderno" revela que 78% das pessoas entrevistadas se sentem muito responsáveis pela preservação ambiental, enquanto 22% dizem que não se consideram responsáveis pelos cuidados com o meio ambiente.

“O estudo mostra que a população brasileira se considera co-responsável pelo bem-estar do meio ambiente e sabe que precisa contribuir para sua preservação. Esse pensamento reflete um maior acesso às informações e revela, ainda, que a população está mais estruturada”, afirma Roberto Meir, publisher da "Consumidor Moderno".

O levantamento aponta que 86% desses entrevistados acreditam que toda a sociedade, inclusive eles, são os principais responsáveis pela conservação ambiental. Em seguida, 6% consideram que as empresas são as responsáveis, 5% acham que é o governo e 2% dos entrevistados responsabilizaram outras instituições.

Porém, quando questionados sobre as ações realizadas para minimizar o impacto ambiental ao consumir ou adquirir determinados produtos, a surpresa: o consumidor, mesmo consciente de sua responsabilidade, só faz o que exige pouco esforço, como apagar as luzes ao sair de um ambiente e fechar a torneira enquanto escova os dentes.

Atitudes que exigem maior empenho como fazer a coleta seletiva de lixo, jogar baterias e pilhas em coletores especiais ou comprar produtos eletrônicos que consumam menos energia são as menos realizadas.

A pesquisa teve como objetivo entender como o consumidor brasileiro se comporta frente às novas demandas de consumo. Com abrangência nacional, contou com 298 entrevistados.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Mais uma obra acadêmica trata da sustentabilidade no agronegócio

Não será por falta de orientação acadêmica que a cadeia produtiva do agronegócio deixará de investir na sustentabilidade. Isso porque mais uma publicação sobre o tema chega às livrarias este mês.

Será lançado sexta-feira (17), às 19h, na livraria Paraler, no Ribeirão Shopping, em Ribeirão Preto (SP), considerada a capital brasileira do agronegócio, o livro "Agronegócios & Desenvolvimento Sustentável: Uma agenda para liderança mundial na produção de alimentos e bioenergia" da editora Atlas.

A obra tem coordenação editorial do professor Marcos Fava Neves do PENSA – Centro de Conhecimento em Agronegócios, programa da Universidade de São Paulo. Para mais informações: (16) 3977-6060 / promo.rp@editora-atlas.com.br.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Sadia lidera grupo de trabalho com foco no desenvolvimento sustentável para agropecuária

A Sadia está liderando o Brazilian Business Coalition, grupo de trabalho, com foco no desenvolvimento sustentável para agropecuária.

Com a participação de outras empresas e organizações, como, por exemplo, Carrefour, Pensa-USP, Unilever, Bunge, Klabin, Nestlé, Sociedade Rural Brasileira (SRB), o BBC tem como objetivo estudar, debater e promover iniciativas que fortaleçam a sustentabilidade dos sistemas agroindustriais relacionados à produção e consumo de alimentos no Brasil.

Para o grupo, o conceito de sustentabilidade é formado por princípios que regem a produção e consumo de bens e serviços no presente de modo a não comprometer as necessidades e escolhas das futuras gerações, a saber:

# promover a riqueza, o bem-estar e relações de qualidade dos atores dos sistemas agroindustriais relacionados à produção de alimentos e das comunidades que com eles interagem;

# promover o consumo consciente;

# manter e melhorar o solo, a água e a biodiversidade;

# promover o uso de energias renováveis;

# evitar e prevenir a poluição por meio da redução dos efluentes hídricos, resíduos sólidos e emissões atmosféricas.

O BBC é a versão nacional do Sustainable Food Laboratory (Food Lab), criado em 2004 para elaborar estratégias de sustentabilidade na cadeia de alimentos nas Américas Latina e do Norte e Europa.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

A percepção de agronegócio para o mundo é meio ambiente

Agronegócio para o mundo é meio ambiente, afirmou o professor José Luis Tejon Megido, especialista em agrobusiness pela Harvard Business School e coordenador do núcleo de estudos sobre marketing no agronegócio da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), durante o painel "Marketing em Agronegócios", do II Simpósio Internacional de Administração e Marketing, realizado no final de julho, em São Paulo (SP).

Em sua exposição, Tejon apresentou conclusões de estudo, que checou quais são as "portas de entrada" na Internet para a palavra "agroenergia" em sites no idioma inglês e da língua portuguesa.

Segundo o professor, o levantamento revelou que em inglês se chega à palavra "agroenergia" principalmente por termos ligados a meio ambiente. Por sua vez, o acesso em português ocorre primordialmente por palavras relacionadas a "fontes de energia".

Isso, de acordo com ele, mostra que no exterior, a percepção de agronegócio é associada a meio ambiente e no Brasil o foco é fundamentalmente econômico. Para Tejon, o resultado deve servir de alerta para o Brasil. "A percepção no exterior de insustentabilidade socioambiental da cana-de-açúcar influi diretamente no negócio."

De acordo com o professor, pela primeira vez na história das relações do agronegócio o que vale é certificação de origem de processos e do produto. Tejon destacou que "o produto e serviço que vingará será o que estiver de acordo com o respeito social e ambiental."

Ele ressaltou que as barreiras comerciais serão cada vez mais técnicas, sanitárias, ligadas à qualidade. "Vivemos e viveremos uma guerra de marketing com base nestes critérios. Não haverá consumidor para quem explora mão-de-obra infantil e escrava ou para quem agride o meio ambiente."

Investir no valor adicionado

Tejon também citou números de faturamento do agronegócio mundial. Disse que o setor movimenta cerca de 7,8 trilhões de dólares por ano e a estimativa é que essa cifra suba para entre 10 e 11 bilhões até 2012.

Segundo o professor, o que mais cresce hoje na cadeia do agronegócio são as atividades "depois da porteira", ou seja, beneficiamento, transformação, distribuição, onde a matéria-prima é transformada. "É onde se ganha dinheiro."

De acordo com Tejon, há desconhecimento e falta de percepção do agronegócio brasileiro da importância que o exterior dá à comunicação e ao marketing. As mazelas do setor, esclareceu, sempre são exploradas internacionalmente, são alvos fáceis, mas não se vê trabalho no sentido inverso, que realce os diferenciais positivos do agronegócio nacional, com potencial para gerar percepções positivas.

Para o professor, o agronegócio brasileiro ainda entende comunicação como propaganda, não como relacionamento, para criação de vínculos de interesses mútuos com os públicos estratégicos. "Falta consciência disso, convicção para mudar e direcionar recursos para este desafio."

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Responsabilidade social é estratégia de negócio, aponta pesquisa

Questionados sobre qual definição dariam sobre responsabilidade social corporativa, a maioria dos empresários brasileiros - cerca de 56% - responderam: estratégia de negócios. Ao menos é o que aponta o segundo estudo BDO Trevisan de Responsabilidade Social Corporativa (RSC).

O levantamento, realizado entre dezembro de 2006 e março de 2007, coletou dados em 113 empresas de vários setores. Ponto negativo para ausência de empresas ligadas ao agronegócio. Talvez, para a BDO, o agronegócio seja irrelevante.

A pesquisa revela que a maioria das empresas reserva verbas para ações socioambientais. Segundo o relatório, 73% dos entrevistados confirmam a necessidade de um planejamento orçamentário para o desenvolvimento de projetos de RSC.

De acordo com o coordenador do trabalho, Mauro Ambrósio, sócio da área de sustentabilidade da BDO Trevisan, o objetivo é mostrar ao público em geral um retrato de como as corporações e seus gestores lidam com os conceitos de responsabilidade socioambiental.

"As organizações e seus líderes já perceberam que, num futuro bem próximo, não haverá lugar para empresas e negócios isolados dos conceitos de sustentabilidade, de preocupação com os grupos de interesse - os chamados stakeholders - e dos conceitos de pilares básicos de sustentação da governança", conclui.

Veja alguns trechos do estudo:

Setores:
Serviços 49 empresas (43%)
Indústria 52 empresas (47%)
Comércio 5 empresas ( 4%)
Associações/ 6 empresas ( 5%)
Terceiro Setor
Educação 1 empresa ( 1%)
Total 113 empresas (100%)

- Algum setor específico dentro da empresa responsável por assuntos de responsabilidade social?
Sim (64%) Não (35%) Sem resposta (1%)

- Sobre a definição de Responsabilidade Social Corporativa:
Continuidade de Negócio.........(47%)
Estratégia de Negócio..............(56%)
Filantropia.................................( 6%)
Veículo de Marketing................( 3%)
Sem resposta...........................( 1%)

- Dentro da empresa existe alguma prática de responsabilidade social corporativa?
Sim (88%) Não (12%)

- Empresas que fazem elaboração de relatórios ou balanços sociais ou algum tipo de informe
Sim (87%) Não (11%) Sem resposta (2%)

- Empresas que investem em treinamentos e capacitação como programas de capacitação profissional
Sim (91%) Não (7%) Sem resposta (2%)

- Possuem programas de melhoria no ambiente de trabalho e qualidade de vida dos funcionários
Sim (81%) Não (17%) Sem resposta (2%)

- Empresas que incentivam funcionários a trabalhos voluntários
Sim (81%) Não (17%) Sem resposta (2%)

- Orçamento da empresa destinado a segurança e educação do funcionário
1% da receita bruta...............24%
2% da receita bruta...............3%
3% da receita bruta...............3%
4% da receita bruta...............3%
5% da receita bruta...............1%
Outros....................................55%
Sem resposta........................11%

- Empresas que contratam portadores de deficiência
Sim (52%) Não (46%) Sem resposta (2%)

- Empresas que possuem critérios de recolocação de funcionários demitidos
Sim (37%) Não (61%) Sem resposta (2%)

- Possuem serviço de atendimento ao cliente
Sim (84%) Não (14%) Sem resposta (2%)

- Empresas que se preocupam com o Código de Defesa do Consumidor conscientizando seus profissionais da área de vendas
Sim (85%) Não (12%) Sem resposta (3%)

- Empresas que avaliam impactos de sua atuação na comunidade
Sim (71%) Não (28%) Sem resposta (1%)

- Empresas que investem e contribuem em projetos comunitários
Sim (89%) Não (11%)

- Empresas que utilizam incentivos fiscais para as áreas ligadas à Cultura
Sim (53%) Não (46%) Sem resposta (1%)

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Programa Empreendedor Rural é exemplo de RSE no agronegócio

Os bons resultados no Paraná motivaram a expansão do Programa Empreendedor Rural (PER) para mais 13 estados e o Distrito Federal. Capitaneado pela CNA, com apoio do Senar e Sebrae, o esforço tem como objetivo estimular o empreendedorismo no campo, incentivando a implementação de projetos rurais e ensinando os produtores a avaliar a viabilidade e a sustentabilidade econômico-financeira e ambiental de cada um deles.

De acordo com o engenheiro agrônomo Fernando Peres, um dos idealizadores do programa, a proposta é ensinar ao produtor como "montar um projeto de negócios, se esse projeto é viável e se tem algum futuro".

Segundo disse Peres, em matéria publicada no jornal "Folha de São Paulo" de 31/07/2007, "o fato de muitas vezes o produtor rural não enxergar o que faz da terra como um empreendimento é um problema importante na agricultura de pequeno e médio porte no Brasil".

Na avaliação do engenheiro agrônomo, "além de enfrentar uma concorrência geralmente desleal, por exemplo, na hora de negociar com seus fornecedores, esse produtor é um dos responsáveis pela depredação ambiental no campo".


Está aí um exemplo de projeto que tem como missão o desenvolvimento sustentável, com base na responsabilidade socioambiental, como diferencial competitivo, o foco deste Blog.

Responsabilidade social das entidades em capacitar e qualificar quem elas representam. O produtor melhor instruído, em sintonia com as novas exigências do universo do agronegócio certamente não será àquele que se endividará no futuro, manchando a imagem do setor.

E responsabilidade ambiental pela ação de disseminar conhecimento que alie viabilidade econômica com preservação ambiental dos recursos naturais. O PER é um projeto que constrói vínculos saudáveis entre negócio, homem e meio ambiente, gerando frutos a todos. Em síntese, a essência da RSE.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Responsabilidade social dá dinheiro

* por Engel Paschoal

O Seaview Hotel and Restaurant, na ilha de Wight, Inglaterra, era decadente, mas aumentou 20 vezes o faturamento em poucos anos. Os novos donos começaram a comprar pão, verdura, legumes, vinho e cerveja de produtores e pescadores da ilha e a empregar seus moradores para fazer a mobília e artigos de tecidos do hotel.


Depois, o Seaview passou a desenvolver o potencial dos funcionários através de treinamentos e baixou a rotatividade. Por fim, o hotel começou a reciclar o lixo, usar iluminação de baixa voltagem, controlar o uso da água, doar camas para os necessitados e computadores para a escola local.

Ou seja, o Seaview é um bom exemplo de empresa que passou a fazer parte da comunidade na qual estava localizado, se identificando com ela e fazendo com que as pessoas dali se identificassem com ele. O faturamento e o lucro foram conseqüência natural, conforme relato do livro “Compromisso Social e Gestão Empresarial”, de David Grayson e Adrian Hodges (Publifolha, 2002).

Hóspede prefere hotel “verde”

A preocupação ambiental começa a ter peso na escolha dos hóspedes e já se torna bom negócio para os hotéis: “Agora os hotéis estão usando toda sorte de programas 'verdes', em parte porque seus hóspedes de negócios, em particular, os estão pedindo, e em parte porque os hotéis estão descobrindo que ser 'verde' compensa” (site de O Estado de S. Paulo, 27/6/07).

Essa preocupação se reflete no aumento do número de hotéis que se registram para serem certificados pelo programa americano Green Building Council's Leadership in Energy and Environmental Design, um sistema de classificação de edifícios comerciais, nos EUA. Lá, já há dois hotéis certificados, um Marriott em Maryland e um Hilton em Washington, e vários trabalhando para obter a certificação.

E os clientes confirmam a preferência por hotéis “verdes”, como disse Josh Rachlis, redator de publicidade que viaja pelos EUA: “Quando estou em um hotel, sempre procuro ver se eles usam lâmpadas fluorescentes compactas, e tento usar o menos possível as toalhas. [...] Se um hotel possuísse instalações de reciclagem, isso seria ótimo. Eu ficaria mais do que contente de levar minha empresa a ele”.

Além de hotéis, o Brasil tem outros exemplos de empresas que ganham dinheiro com responsabilidade social. A Natura e O Boticário são casos bem conhecidos. No entanto, a responsabilidade social dá dinheiro para empresas pequenas também. O T-Bone, açougue de Brasília, tem uma biblioteca de mais de 20 mil livros, que podem ser retirados por cliente ou não.

Duas vezes por ano, o açougue também promove noites culturais para milhares de pessoas ao ar livre, com shows de música popular e erudita, lançamento de livros, teatro etc. Alguém duvida de que o açougue está ganhando dinheiro? Agora vejam a história do T-Bone. O proprietário, Luiz Amorim dos Santos, analfabeto até os 16 anos, passou a valorizar a educação depois que aprendeu a ler e a escrever.

Em 1994, comprou a casa de carnes onde havia trabalhado durante 15 anos como empregado e decidiu transformá-la em um açougue cultural - segundo ele, o único do mundo. O açougue também estimula funcionários: todos estudam e o que lê mais livros no mês recebe um bônus.

Trabalha 6 horas, mas ganha por 8

A BS Colway, na Grande Curitiba, PR, iniciou suas operações em 2000 e desde o começo os funcionários trabalham seis horas por dia, mas recebem salário de oito horas. Por causa disso, até o final de 2005 foram criados 187 empregos adicionais. Se os empregados trabalhassem oito horas/dia, a empresa teria 842 trabalhadores. No entanto, ela encerrou o ano com 1.029.

Com base nesta experiência, Francisco Simeão, presidente da BS Colway, criou o Pepe - Pacto Empresarial de Pleno Emprego, que ele apresentou ao governo Lula. Mas como o governo não se interessou, ele está procurando implantá-lo em outras empresas do Paraná como exemplo para todo o Brasil.

Funcionário da BS Colway não pode fumar, nem em casa. A empresa instalou uma academia com personal trainer 24 horas para quem quiser se exercitar. Quem faz ginástica recebe R$ 10 por aula. A empresa assina um jornal diário entregue na casa de cada um. Como a maioria dos empregados mora em bairro que antes era favela, a empresa estimula que depois cada um dê o jornal para o vizinho como forma de incentivar a leitura. Não há ninguém de primeiro grau na BS Colway.

E ela ainda tem curso de um ano de gramática e redação de português com o objetivo de dar aos funcionários condições de fazerem o curso de inglês, que será oferecido em seguida.
Em 2006, Francisco Simeão criou a Força Tarefa “Brasil livre do lixo-pneu” e assinou um compromisso para acabar até o final de 2008 com os pneus jogados a céu aberto. O que a BS Colway ganhou com isso? Já conquistou 10% do mercado de troca de pneus de automóvel e caminhonete.

* Publicado originalmente no Jornal da Comunicação Corporativa

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Distribuidora de máquinas agrícolas desenvolve projeto de capacitação profissional para jovens de Belo Horizonte

A Tracbel S.A., distribuidora de máquinas agrícolas e equipamentos pesados, desenvolve há 14 anos o "Projeto Profissionalizar", destinado a preparar adolescentes da grande Belo Horizonte para o mercado de trabalho.

O programa qualifica 30 adolescentes por ano, em um curso de auxiliar de mecânica geral, ministrado pelo SENAI nas dependências da empresa, em Contagem (MG).

Além de conteúdo técnico, que capacitam os jovens a realizar trabalhos de manutenção em equipamentos e máquinas, o curso oferece também aulas de inglês e computação, palestras sobre cidadania, prevenção à saúde, combate às drogas e educação sexual.

Mais de 400 adolescentes já passaram pelo projeto e, cerca de 70% deles, conseguiram o primeiro emprego na própria empresa ou em companhias parceiras. A seleção para a próxima turma do projeto acontecerá em dezembro. Informações: www.tracbel.com.br.