quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Agronegócio peca em não estabelecer diálogo com a população urbana

Uma instalação multimídia-sensorial alocada no shopping Penha na cidade de São Paulo reproduz aos visitantes as mudanças climáticas, que estão acontecendo no planeta. Batizado de túnel sensorial, o ambiente tem cinco etapas. Em cada uma delas, o visitante tem a oportunidade de sentir os efeitos, que as alterações na atmosfera podem trazer ao planeta, aguçados pelo olfato, visão, audição e tato.

O primeiro módulo é reservado à temática da emissão urbana de poluentes, destacando escapamentos e chaminés. Neste percurso, o público sentirá cheiros, sons e verá imagens desses elementos. No segundo, a sensação de calor intenso simula a emissão de gás carbônico proveniente das queimadas.

As enchentes são representadas no terceiro módulo. Por meio de colchões de ar, o visitante terá a impressão de caminhar em inundações. O quarto módulo é reservado às secas e desertificações e no quinto estão os furacões representados por fortes ventos. A iniciativa é uma parceria do shopping com o Greenpeace.

Mais uma vez este blog observa que são ações desta natureza, que faltam ao agronegócio no que diz respeito à expressão de sua responsabilidade socioambiental. Falta ao setor estabelecer diálogo com a população dos grandes centros, camada que é invariavelmente usada pela mídia e vista pelos públicos estratégicos como o retrato da Opinião Pública.

Não estamos fazendo juízo de valor do conteúdo da iniciativa do túnel sensorial. Este não é o desafio deste blog. O que queremos dizer é que o agronegócio não compreendeu ainda que, assim como fazem seus públicos antagonistas, ele precisa estabelecer canais de comunicação com a sociedade urbana, a fim de gerar melhor conhecimento de sua realidade, esclarecer mitos e obviamente também aprender, com objetivo de trabalhar sua imagem e reputação.

Outro exemplo? O MST promove no início de outubro, também em São Paulo, dois dias de seminário sobre a questão agrária no Brasil. O evento é dedicado a quem? A jornalistas, comunicadores, estudantes e não a membros do movimento.

Com isso, o MST passará suas mensagens-chave, onde novamente ressaltamos que este blog não faz juízo de valor acerca do teor e sim trata de ações de comunicação sobre responsabilidade socioambiental no agronegócio, a um perfil de público, que se tornará disseminador.

Certamente, um passo à frente do agronegócio, que ainda direciona seu discurso muito ao 'próprio umbigo', sem uma comunicação sistemática, com demais públicos estratégicos.

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