terça-feira, 2 de outubro de 2007

Erros e acertos do agronegócio em responsabilidade social

O grupo Marfrig, um dos maiores frigoríficos do País, com forte expansão internacional nos últimos meses, desenvolveu recentemente duas ações intituladas pela empresa como de responsabilidade social.

Na primeira, o Marfrig doou, durante a Expoinel em Uberaba (MG), uma tonelada de carne a 16 instituições de ensino e beneficentes da cidade. A iniciativa fez parte do projeto "Nelore Solidário", realização da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB).

O Marfrig também entregou 70 quilos de carnes para a merenda escolar de cada instituição. As escolas fazem parte do “Programa Saúde Brasil”, iniciativa da Embrapa Pecuária Sudeste, ACNB e Tortuga. Em 2006, de acordo com o frigorífico, o projeto beneficiou mais de 1,3 mil crianças. Este ano, a previsão é de aproximadamente 1,5 mil crianças.

Doar é um gesto nobre. Mas será que doar algo apenas em um período determinado do ano é um esforço que possa receber o título de responsabilidade social? Acredito que não. Está mais para filantropia. Responsabilidade social é muito mais que isso. Não dá para capitalizar uma imagem "responsável" em cima de uma ação assim. Responsabilidade social corporativa é investir no desenvolvimento do ser humano que pertence ao entorno social das atividades da empresa.

É ser ético em todos os níveis de relacionamento, a começar internamente. É, acima de tudo, desenvolver, com as comunidades adjacentes ao seu negócio, projetos que gerem frutos. Como que ficam os alunos no restante do ano? Este blog não está dizendo que a doação deva ser feita ininterruptamente ou que seja suspensa. Porém, este tipo de programa não pode ganhar o rótulo de responsabilidade social. É, no máximo, marketing social.

Falamos do erro. Vamos agora ao acerto. O Marfrig está apoiando o “Congresso Empresa e Comunidade - Compromisso pela Sustentabilidade Ambiental e Social do Mato Grosso do Sul”, que ocorre entre hoje e quinta, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande (MS).

De acordo com o Marfrig, a iniciativa envolve a apresentação para as empresas e a sociedade sul-mato-grossense de exemplos de iniciativas que servem de referência na esfera da responsabilidade empresarial socioambiental, podendo, assim, ser utilizadas como referência por outras organizações.

“Há ações de voluntariado e práticas de comportamento ambiental e social exemplares em Mato Grosso do Sul. Mas ainda persistem dificuldades de financiamento para essas iniciativas”, sinaliza Eliane Brunet, secretária executiva do evento. “O Congresso Empresa e Comunidade foi criado exatamente para institucionalizar o investimento social privado e conseguir níveis de sustentabilidade adequados a projetos em todo o estado”, complementa. Mais substancial, certo?

Nenhum comentário: