quarta-feira, 8 de agosto de 2007

A percepção de agronegócio para o mundo é meio ambiente

Agronegócio para o mundo é meio ambiente, afirmou o professor José Luis Tejon Megido, especialista em agrobusiness pela Harvard Business School e coordenador do núcleo de estudos sobre marketing no agronegócio da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), durante o painel "Marketing em Agronegócios", do II Simpósio Internacional de Administração e Marketing, realizado no final de julho, em São Paulo (SP).

Em sua exposição, Tejon apresentou conclusões de estudo, que checou quais são as "portas de entrada" na Internet para a palavra "agroenergia" em sites no idioma inglês e da língua portuguesa.

Segundo o professor, o levantamento revelou que em inglês se chega à palavra "agroenergia" principalmente por termos ligados a meio ambiente. Por sua vez, o acesso em português ocorre primordialmente por palavras relacionadas a "fontes de energia".

Isso, de acordo com ele, mostra que no exterior, a percepção de agronegócio é associada a meio ambiente e no Brasil o foco é fundamentalmente econômico. Para Tejon, o resultado deve servir de alerta para o Brasil. "A percepção no exterior de insustentabilidade socioambiental da cana-de-açúcar influi diretamente no negócio."

De acordo com o professor, pela primeira vez na história das relações do agronegócio o que vale é certificação de origem de processos e do produto. Tejon destacou que "o produto e serviço que vingará será o que estiver de acordo com o respeito social e ambiental."

Ele ressaltou que as barreiras comerciais serão cada vez mais técnicas, sanitárias, ligadas à qualidade. "Vivemos e viveremos uma guerra de marketing com base nestes critérios. Não haverá consumidor para quem explora mão-de-obra infantil e escrava ou para quem agride o meio ambiente."

Investir no valor adicionado

Tejon também citou números de faturamento do agronegócio mundial. Disse que o setor movimenta cerca de 7,8 trilhões de dólares por ano e a estimativa é que essa cifra suba para entre 10 e 11 bilhões até 2012.

Segundo o professor, o que mais cresce hoje na cadeia do agronegócio são as atividades "depois da porteira", ou seja, beneficiamento, transformação, distribuição, onde a matéria-prima é transformada. "É onde se ganha dinheiro."

De acordo com Tejon, há desconhecimento e falta de percepção do agronegócio brasileiro da importância que o exterior dá à comunicação e ao marketing. As mazelas do setor, esclareceu, sempre são exploradas internacionalmente, são alvos fáceis, mas não se vê trabalho no sentido inverso, que realce os diferenciais positivos do agronegócio nacional, com potencial para gerar percepções positivas.

Para o professor, o agronegócio brasileiro ainda entende comunicação como propaganda, não como relacionamento, para criação de vínculos de interesses mútuos com os públicos estratégicos. "Falta consciência disso, convicção para mudar e direcionar recursos para este desafio."

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