sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

O agronegócio precisa incorporar outros diferenciais competitivos

O crescimento competitivo e sustentável do agronegócio está diretamente ligado ao relacionamento do setor com a sociedade em geral. Se antes produzir era a prioridade, de uns tempos para cá, vender antes de produzir é a chave para o sucesso. E para vender é preciso se relacionar, que, por sua vez, exige o fortalecimento ou a abertura de canais de diálogo com os mais diversos públicos (leia-se, por exemplo, clientes ou fornecedores de crédito), inclusive antagonistas.

É a população, em especial das cidades, a grande consumidora dos produtos de origem rural ou no mínimo quem dita as regras de escolha dos mercados. Além disso, é a partir do extrato da sociedade urbana, que se forma o fenômeno conhecido como “Opinião Pública”, fiel da balança de muitas decisões em qualquer lugar do planeta. Logo, negociar com pares e opostos é pensar e agir de forma estratégica.

Hoje, a sociedade tem outros valores incorporados no seu cotidiano como referenciais para suas escolhas. Não basta mais produzir com qualidade a baixo custo e vender pelo melhor preço. Agora, à medida que diferenciais de preço e qualidade se tornam “commodities” ganham peso nos negócios a inovação, a comunicação, a responsabilidade, a segurança, a empatia, valores considerados intangíveis.

Atualmente, o que se vende são atributos de idéias, conceitos, posicionamentos e não o “produto / serviço” em si. A Natura, por exemplo, não vende cosmético, vende beleza, bem-estar. A Pfizer não vende remédio, vende saúde. A Coelho da Fonseca não vende apartamento, vende lar. A Philips não vende aparelhos eletrônicos, vende diversão.

Mas, o agronegócio na percepção dos seus públicos estratégicos de fora do setor, vende carne, frango, arroz, feijão, soja, açúcar. Ou seja, ainda vende produtos, mas não vende idéias, conceitos, sob o guarda-chuva de marcas, salvo exceções, como Sadia, Perdigão, Bunge, entre outras empresas.

Cabe ressaltar, ainda, que conforme a empresa de origem rural e/ou que tenha a agropecuária como a espinha dorsal do seu negócio adiciona valor à sua produção, ela já não é mais percebida como do agro e sim como pertencente a outros segmentos. Isso precisa mudar.

O agronegócio precisa “vender” sim oportunidades, emprego, riqueza, desenvolvimento, que seja socioambientalmente responsável, para que seja percebido como sustentável. E o primeiro passo é se integrar institucionalmente, com objetivo de construir um discurso único e coeso para representação política-econômica-social da classe rural brasileira.

É esta soma que vai favorecer o trabalho do setor para criação e manutenção de vínculos com os seus principais públicos estratégicos. Existe um vazio na atuação intersetorial do setor rural com outros segmentos da sociedade, que precisa e deve ser preenchido. Este é o recado que deixo no final de 2007. Que 2008 seja ano de transformações. Abraços.

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